A energia eólica chega ao terceiro trimestre de 2020 com mais 8.000 aerogeradores em operação, divididos em 660 parques, completando 17 GW de capacidade instalada e se consolidando como segunda fonte da matriz elétrica nacional. A cada ano que passa, os dados globais divulgados pelo GWEC (Global Wind Energy Council), o Conselho Global de Energia Eólica, mostram que a energia eólica é um negócio cada vez mais robusto, firme e que cresce impactando positivamente as regiões onde chega, contribuindo para um futuro mais sustentável.
E por falar em futuro, é esse meu objetivo com este artigo. Todo esse crescimento de eólica é muito mais do que um aumento de uma fonte renovável, é também uma possibilidade de transformação da sociedade por meio de uma fonte que tem benefícios reais para as comunidades. Consigo vislumbrar a verdadeira potencialidade e oportunidade da transformação, que é o fato de o investimento nos recursos naturais, de forma responsável, gerar desenvolvimento econômico e social por meio da distribuição de renda, da inclusão e da diminuição das desigualdades econômicas e sociais. É preciso dar esse pulo de raciocínio e ação: não basta gerar energia renovável que não emita CO2, é preciso que essa energia impacte positivamente a vida das pessoas. Aí começamos a falar de uma real transformação energética, da forma como eu a compreendo.
No caso da eólica, já enxergamos muito bem isso. Parques eólicos chegam à regiões remotas do Brasil, especialmente no nordeste, impactando positivamente comunidades por meio de, por exemplo, empregos diretos e indiretos e geração de renda com os arrendamentos de terras dos pequenos proprietários, que seguem com suas criações de animais ou plantações, já que apenas uma pequena parcela da área é utilizada para colocação dos aerogeradores. Há também impactos de aumento de arrecadação de impostos que, com adequado gerenciamento público, podem significar melhorias para o município. O desenvolvimento tecnológico que chega com as renováveis também significa um novo caminho de atuação profissional.
Além disso, contribuímos para a regularização de terras de pequenos proprietários que jamais tiveram acesso ou condições de cuidar disso. Esse é um efeito positivo pouco discutido, mas ao ser obrigado a arrendar pequenos espaços de terras em áreas que necessariamente devem estar regularizadas, o setor eólico deve cuidar dessa regularização e contribuiu indiretamente para que pequenos donos de terra, especialmente no interior do nordeste, tivessem pela primeira vez seu certificado de propriedade em mão.
Quando eu vejo nossas eólicas brasileiras completando um novo marco, eu não vejo, portanto, apenas um marco simples de números. Eu enxergo uma transformação real. Esta nova energia tem a capacidade de modificar não apenas as matrizes elétricas e energéticas, o que já é algo espetacular e imprescindível; ela pode transformar também a sociedade de forma mais profunda, diminuindo desigualdades e contribuindo para que tenhamos um futuro melhor para deixar para as próximas gerações.