2020 e uma grande transformação pelos bons ventos brasileiros

A energia eólica terminou o ano de 2020 com mais 8.000 aerogeradores em operação e mais de 660 parques, passando dos 17 GW de capacidade instalada e se consolidando como segunda fonte da matriz elétrica. O ano de 2020 foi claramente cheio de desafios para todos nós, incluindo o setor de energia. O impacto mais imediato é que não tivemos leilões, porque a demanda por energia caiu e isso significa que não vendemos no mercado regulado este ano. Por outro lado, a boa notícia é que o mercado livre tem se tornado muito importante para o setor eólico, sendo que em 2018 e 2019 já havíamos vendido mais no ACL do que no ACR. Nosso desempenho no ACL neste ano tem sido muito bom e isso é um bom sinal para a cadeia produtiva, que seguiu fechando novos negócios e, portanto, segue otimista para o futuro.

Ainda sobre mercado livre, vale reforçar que, além do crescimento, vemos também novidades nas formas de contratação. O que estamos vendo agora é que o gerador/comercializador está procurando direto os consumidores que têm possibilidade de serem livres, mas eles não chegam mais com opções prontas, apenas para serem adaptadas em relação ao consumo. O que eles fazem é criar um contrato que se encaixe no consumidor considerando características inovadoras, podendo incluir, por exemplo, parcerias para construção do parque eólico, possibilidade de se tornar proprietário em sociedade do parque, apenas desenvolvimento do projeto ou gestão e operação.

Sem dúvida, dada a regulação atual, o mercado livre tem ainda um grande potencial de crescimento e que pode ser ainda mais expressivo com os avanços da modernização da legislação. Isso é algo concreto que estamos comprovando dia após dia, especialmente no difícil ano de 2020, em que nossa criatividade foi posta à prova no comando de negócios, resultando em contratos inovadores, como os fechados recentemente com a Anglo American, Tivit, Vulcabrás Azaleia, Grupo Moura, Unipar Carbocloro, entre outros. E para o futuro o mercado livre deve se desenvolver ainda mais.

E por falar em futuro, gosto sempre de reforçar que ele é brilhante para nossos bons ventos e também para a sociedade. Todo esse crescimento de eólica é muito mais do que um aumento de uma fonte renovável, é também uma possibilidade de transformação da sociedade por meio de uma fonte que tem benefícios reais para as comunidades. Consigo vislumbrar a verdadeira potencialidade e oportunidade da transformação, que é o fato de o investimento nos recursos naturais, de forma responsável, gerar desenvolvimento econômico e social por meio da distribuição de renda, da inclusão e da diminuição das desigualdades econômicas e sociais. É preciso dar esse pulo de raciocínio e ação: não basta gerar energia renovável que não emita CO2, é preciso que essa energia impacte positivamente a vida das pessoas. Aí começamos a falar de uma real transformação energética, da forma como eu a compreendo.

No caso da eólica, já enxergamos muito bem isso. Parques eólicos chegam à regiões remotas do Brasil, especialmente no nordeste, impactando positivamente comunidades por meio de, por exemplo, empregos diretos e indiretos e geração de renda com os arrendamentos de terras dos pequenos proprietários, que seguem com suas criações de animais ou plantações, já que apenas uma pequena parcela da área é utilizada para colocação dos aerogeradores. Há também impactos de aumento de arrecadação de impostos que, com adequado gerenciamento público, podem significar melhorias para o município. O desenvolvimento tecnológico que chega com as renováveis também significa um novo caminho de atuação profissional.

Além disso, contribuímos para a regularização de terras de pequenos proprietários que jamais tiveram acesso ou condições de cuidar disso. Esse é um efeito positivo pouco discutido, mas ao ser obrigado a arrendar pequenos espaços de terras em áreas que necessariamente devem estar regularizadas, o setor eólico deve cuidar dessa regularização e contribuiu indiretamente para que pequenos donos de terra, especialmente no interior do nordeste, tivessem pela primeira vez seu certificado de propriedade em mão.

Termino reforçando que acreditamos na importância da diversidade de saberes e de opiniões como algo fundamental para este futuro inovador. Acreditamos, ainda, que toda a discussão de ESG (Environmental, Social and Governance) é fundamental para lidarmos com esse futuro tão desafiador, para que possamos contribuir de fato com o esforço mundial de combate às consequências do aquecimento global. O que todos queremos, no fundo, é defender uma indústria que tem um gigantesco potencial para deixar um mundo melhor para as futuras gerações.

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