Muitas vezes, leitores perguntam: “Em um conjunto de manobra e controle, tanto de baixa como de alta tensão, o que inclui barramentos blindados, a cor e o tipo de pintura do invólucro interferem na performance e no funcionamento do equipamento?” Vejamos…
Na Física, um corpo negro é um objeto teórico que absorve toda a radiação eletromagnética que nele incide, ou seja, nenhuma luz o atravessa e nem é refletida. Apesar do nome, corpos negros emitem radiação, o que permite determinar sua temperatura. Em equilíbrio termodinâmico, um corpo negro ideal irradia energia na mesma taxa que a absorve, sendo essa uma das propriedades que o tornam uma fonte ideal de radiação térmica.
Essa característica levaria os mais incautos a pensar que, por óbvio, pintando equipamentos elétricos de preto fosco teríamos algo que se aproximasse do referido “corpo negro”. Entretanto, na natureza não existem corpos negros perfeitos, já que nenhum objeto consegue ter absorção e emissão perfeitas. Voltamos então à estaca zero.
Diferentemente dos processos de propagação de calor (condução e convecção), a irradiação térmica não necessita de meio material para transmitir energia térmica. Dessa forma, definimos irradiação térmica como sendo a propagação de calor na qual a energia térmica é transmitida através de ondas eletromagnéticas. Dentre a diversidade de ondas eletromagnéticas, os raios infravermelhos são os que apresentam efeitos térmicos com maior intensidade.
Todos os corpos irradiam calor constantemente, perdendo energia. Os corpos sem energia térmica própria precisam, então, absorver energia para depois emiti-la. Portanto, aquele que mais absorve é também o que mais pode emitir, conforme a teoria do poder emissivo do corpo negro. Porém, segundo a Lei de Stefan-Boltzmann, o poder emissivo (E) de um corpo negro (cn) é proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta multiplicada por uma constante.
O leitor então deve estar concluindo que esse monte de teorias não leva a nada. De fato, a capacidade de emitir e trocar calor de um corpo depende, definitivamente, de algumas variáveis, quais sejam: a cor da superfície que troca calor com o meio, o material (substrato) com o qual o corpo é fabricado, a temperatura ambiente e a temperatura da superfície do corpo. Na prática então, um invólucro que seja capaz de levar calor para sua carcaça rapidamente e que sua carcaça seja capaz de emitir mais e com maior velocidade, é um bom conjunto. Como a troca de calor do corpo com o meio também depende da temperatura ambiente, é necessário estabelecer padrões e realizar ensaios para determinar a performance de um determinado equipamento.
Assim sendo, as normas de conjuntos de manobra e controle, tanto em baixa como em alta tensão, estabelecem critérios de avaliação e métodos de ensaio, que, após realizados, configuram um conjunto de grandezas conhecidas e com performance também conhecida. Resta então a pergunta: Se um fabricante realizar o ensaio com um conjunto de manobra e controle em invólucro metálico sendo este pintado na cor Cinza Munsell N6,5, o usuário pode solicitar, em um processo de encomenda, a alteração da cor para o Bege RAL 7032, por exemplo? Aos olhos das normas, a resposta seria negativa, visto que, em um ensaio de elevação de temperatura, uma das variáveis em jogo é justamente a cor do invólucro, portanto, alterar uma das variáveis leva a performance do equipamento ao campo do desconhecido.
Boa leitura!
Uma resposta
Boa noite, parabéns pelo informativo gostaria se possível de sua diretriz ora para comprovação junto aos ensaios de tipo do fabricante pôde-se exiger ao mesmo então em qual cor o conjunto foi submetido ao teste. Divergindo com a cor padronizada ou exigida pelo cliente pôde-se concluir que o conjunto não pode ser certificado ao não atender esse consideração?