Por Engenheiro Nunziante Graziano
Prezado leitor, abordaremos com bastante brevidade e com o objetivo de incitar discussões a relação entre a indústria 4.0 e os conjuntos de manobra e controle, sejam de baixa tensão, sejam os de alta tensão. Mas a pergunta inicial é: o que seria indústria 4.0?
Bom, A Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, é um conceito desenvolvido pelo alemão Klaus Schwab, diretor e fundador do Fórum Econômico Mundial. Hoje, já é reconhecida e adotada por diversos teóricos da área, segundo os quais o processo de desenvolvimento da industrialização atingiu uma quarta fase que pela quarta vez afeta e transforma fundamentalmente a maneira como vivemos e trabalhamos, mas principalmente como nos comunicamos e nos relacionamos. É, sem sombra de dúvidas, uma mudança de paradigma altamente disruptiva, não apenas mais uma etapa do desenvolvimento tecnológico.
A primeira revolução industrial ocorreu na Inglaterra no fim do século XVIII, modificou totalmente a forma de se produzir coisas, antes totalmente artesanal, e que partir do uso de carvão, vapor e ferro revolucionou a vida e fez surgir o conceito de indústria mecanizada. A segunda revolução industrial iniciou-se no início do século XIX, impulsionada pelo desenvolvimento da química, da indústria do petróleo, mas, sobretudo, a eletricidade, nossa ilustre arte real. A terceira revolução industrial ocorreu a partir da segunda metade do século XX, com o surgimento dos primeiros computadores, que multiplicaram por milhões de vezes a velocidade do desenvolvimento científico. Processos industriais passaram a ser automatizados com o auxílio da eletrônica e dos sensores.
“A Quarta Revolução Industrial não é definida por um conjunto de tecnologias emergentes em si mesmas, mas a transição em direção a novos sistemas que foram construídos sobre a infraestrutura da revolução digital”, esclarece Schwab, em seu livro A Quarta Revolução Industrial. As tecnologias que fazem parte do conjunto da Indústria 4.0 não estão restritas aos universos da nanotecnologia, biotecnologia, robótica, inteligência artificial e armazenamento de energia. Falamos em sistemas físicos cibernéticos, internet das coisas, mas, sobretudo, redes. O mundo onde tudo é conectado.
Se assim é, por que não pensar em conectar, monitorar, medir, controlar, proteger, entre tantas coisas que fazemos usando quadros elétricos de baixa e alta tensão, mas utilizando-se dos conceitos da indústria 4.0? Sensores, relés, controladores, drives, isso tudo já não está conectado a redes de dados? Já não acessamos tudo isso apenas com as ferramentas disponíveis nos já consagrados sistemas de automação e controle que caracterizam a terceira revolução industrial? Então, para que serviria essa tal indústria 4.0 em nossas instalações elétricas?
Na verdade, estamos falando em monitoramento de vida útil de disjuntores, ou seja, um disjuntor da quarta geração industrial deve controlar a vida útil de seus contatos e através da “integral do tempo x corrente” analisar os contatos e avisar a equipe de manutenção que uma manutenção preventiva em seus contatos deverá ocorrer dentro de algum tempo. Falamos também de monitoramento das condições funcionais dos aparelhos, temperatura poderia ser uma delas como exemplo, onde sensores avisam a manutenção que as temperaturas dos contatos estão saindo de um padrão que o próprio conjunto estabeleceu ao passar do tempo e, quando sai deste padrão, é necessária uma manutenção corretiva, por exemplo, um reaperto em um ponto de conexão; backup de parâmetros de proteção e registros de eventos de relés na nuvem, ou cloud no idioma inglês, o que possibilita uma maior proteção dos dados, mas, sobretudo, disponibilidade deles em qualquer lugar e em qualquer tempo, mesmo se o relé sofra uma pane e tenha seu firmware e registros todos apagados. Bom, nesse caso, seria necessário apenas substituir o relé que apresentou o defeito, conectá-lo novamente na nuvem, baixar seus parâmetros de ajuste e tudo volta a funcionar como antes! Tudo isso e muito mais….
Ah, mais uma provocação que deixo ao leitor: mas e a segurança de tudo isso? Estaríamos expostos e vulneráveis a ataques cibernéticos, badwares ou vírus, entre outros problemas? Essa resposta eu não tenho, caro leitor!!
Voltamos a esse assunto num futuro próximo… Até lá.