Considerando a importância estratégica da área de manutenção para as empresas do setor elétrico, é essencial que ocorra uma evolução no meio de agir da equipe de manutenção, buscando a melhoria nos resultados e a redução nos gastos indesejados. Dessa forma, os gestores devem buscar a transição de um cenário de manutenção reativa – na qual as intervenções são feitas após a ocorrência de falhas – para um cenário de manutenção proativa – que busca atuar antes de que problemas indesejados ocorram.
Neste contexto, este artigo pretende demonstrar a importância de se criar uma célula de engenharia de confiabilidade alinhada à gerência da manutenção. A Engenharia de Confiabilidade objetiva, por meio de indicadores e acompanhamento de ocorrências, tem a intenção de reduzir a quantidade de falhas nos ativos. Com isso, naturalmente ocorrerá uma redução no gasto com intervenções corretivas (via de regra mais dispendiosas), melhoria nos indicadores de fornecimento de energia e aumento de eficiência operacional. O procedimento padrão da célula de Engenharia de Confiabilidade é o acompanhamento sistemático de todas as ocorrências nos ativos da empresa.
Nesta etapa, as informações controladas usualmente vêm das áreas executoras de manutenção, dos centros de operação e de outras áreas interessadas, e geralmente consistem em data e hora da ocorrência, local e equipamento, sintomas da ocorrência e ações tomadas a curto prazo. De posse destas informações, procede-se para o entendimento das falhas que ocorreram. Neste ponto, algumas ferramentas são usadas, dentre as quais destaca-se o FMEA – do inglês “Análise de Modo e Efeito de Falha”, que deve ser preenchido com a visão e experiência de várias áreas distintas, buscando o melhor entendimento da ocorrência. Após esta fase, com o acompanhamento de alguns eventos é possível entender quais são os modos de falha mais típicos em determinados equipamentos e/ou instalações, possibilitando, desse modo, a elaboração de planos de ações assertivos. Com isso, é esperado a mitigação (ou eliminação) dos principais problemas dos ativos de uma empresa. Visando uma gestão eficiente, alguns indicadores a serem monitorados, devidamente estratificados por ativos, são: tempo médio entre falhas (MTBF); tempo médio de reparo (MTTR); confiabilidade e disponibilidade. Com estes indicadores “meio”, é possível mensurar a eficácia na melhoria de alguns indicadores “fim”, principalmente DEC, FEC e taxa de falhas. Recomenda-se que tais indicadores sejam constantemente atualizados e acompanhados pelas áreas estratégicas das empresas, para sempre garantir que a atuação da manutenção esteja em linha com os objetivos e diretrizes dos agentes do setor elétrico. Por fim, recomenda-se que ocorra um entrosamento natural entre a Engenharia de Confiabilidade e a área de Planejamento e Controle da Manutenção.
O acompanhamento físico (quantidade de atividades) e financeiro (CAPEX e OPEX) das unidades operacionais, objeto de estudo da equipe de PCM, monitora o desempenho das equipes de campo. Esta análise, quando confluente com os estudos de ocorrências e modos de falha da equipe de Engenharia de Confiabilidade, garante desempenho ótimo da área de Manutenção, uma vez que irá almejar a redução de falhas e ocorrência, sempre com o menor custo e a melhor eficiência operacional possível.
Autor:
Por Caio Cezar Neiva Huais, engenheiro de produção, pós-graduado em Engenharia Elétrica e Automação com MBA em engenharia de manutenção. Atualmente, é gerente corporativo de manutenção de alta tensão no Grupo Equatorial Energia.