Uma das principais ferramentas de qualidade que a equipe de manutenção pode utilizar é o FMEA – sigla em inglês para Análise de Modos de Falha e Efeitos. Este artigo objetiva apresentar, de maneira sucinta, mais detalhes sobre os objetivos e a importância desta ferramenta.
A finalidade do FMEA, geralmente apresentada no formato de uma planilha, é apresentar para cada ativo as prováveis causas de falhas, bem como os efeitos associados. Além desta finalidade, tem como objetivos: identificação dos equipamentos e componentes de uma planta; apontamento, para cada um dos ativos, dos principais modos de falha existente; mapeamento das ações possíveis para a mitigação ou eliminação dos efeitos dos modos de falha encontrados. Como exemplo, são apresentados na Figura 1 recortes de uma planilha FMEA, com destaque para transformadores de potência, com a seguinte estrutura: equipamento/sistema – componente do equipamento – modo de falha observado.
Como resultado da análise obtida do estudo da FMEA, é possível estimar, para cada modo de falha observado, as grandezas: impacto (quão grave é a falha), frequência (quantas vezes se observa a falha) e rastreabilidade (o quão observável é a falha). O produto destas três grandezas retorna um indicador de Gravidade, que possibilita entender quais são as falhas mais severas. Além da criação da FMEA, deve-se realizar periodicamente a revisão da ferramenta, visando a sua atualização e aplicabilidade.
Após a construção de uma planilha FMEA, recomenda-se que todas as ocorrências sejam monitoradas e analisadas sob a ótica da ferramenta desenvolvida. Desta forma, será possível obter uma análise de Pareto de quais equipamentos mais falham, e quais modos de falha mais impactam nos indicadores DEC e FEC da empresa, possibilitando assim o direcionamento de recursos e equipes, bem como a tomada de decisão subsidiada em informações.
Figura 1. Exemplo de planilha FMEA, destacando a abertura em sistema/equipamento (no caso, transformadores de potência e sistema de serviço auxiliar), elementos e modos de falha observáveis.
Como exemplo da importância da aplicação do FMEA, dados fictícios foram coletados de uma série temporal. Na Figura 2 é apresentado, na forma de um Diagrama de Pareto, o impacto no DEC das ocorrências, estratificadas por equipamento e por modo de falha observado. Da análise, nota-se que falhas em transformadores e relés de proteção correspondem a 43,81% do impacto total no DEC. Desta forma, ações de manutenção direcionadas a estes equipamentos se mostram mais eficazes na manutenção dos indicadores de continuidade, quando comparadas a intervenções em retificadores, por exemplo. Analisando em detalhes a categoria transformadores de potência, nota-se que o modo de falha mais recorrente é: má conexão nas buchas. Assim, recomenda-se, para este caso, ações associadas a reaperto de conexões.
Figura 2. Resultados obtidos da aplicação do FMEA para o monitoramento de ocorrências, com a construção de Diagramas de Pareto por equipamento (à esquerda) e por modo de falha observado (à direita).
Com forte aplicação na indústria, o acompanhamento das ocorrências com auxílio da metodologia FMEA se mostra extremamente importante para o setor elétrico, ao permitir entendimento dos principais pontos de fragilidade do sistema elétrico, bem como direcionar a alocação de recursos e garantir otimização nos negócios das concessionárias de energia elétrica.
Autor:
Por Caio Cezar Neiva Huais, engenheiro de produção, pós-graduado em Engenharia Elétrica e Automação com MBA em engenharia de manutenção. Atualmente, é gerente corporativo de manutenção de alta tensão no Grupo Equatorial Energia.