Em 2020 não só nos deparamos com os questionamentos e reflexões sobre o futuro da iluminação mencionados no artigo anterior que foi escrito em fevereiro, mas a completa mudança na vida de todos a partir de março de 2020 por força das medidas de contenção do coronavírus no Brasil. Feiras e eventos adiados, incertezas do mercado e a adaptação a uma nova realidade que se impõe a todos. Uma enxurrada de “lives” sobre iluminação nos mais diversos segmentos abre oportunidade de novos conhecimentos e ideias, também sendo uma alternativa de nos mantermos atualizados e em contato com os profissionais que às vezes não tínhamos oportunidade de conhecer. Mas como será o mundo da iluminação nos próximos meses?
Por se tratar de serviço essencial, a iluminação pública tem se mantido em atividade neste período com as PPPs em andamento, outras em fase pré-contrato e obras de iluminação e contratos em execução, além de novas oportunidades surgindo. Tudo isso em um ano onde a expectativa era a ampliação dos investimentos, melhoria da tecnologia, melhores equipamentos com maior eficiência e redução de custo em função de evolução de projeto, e a busca por eficiência energética em todos os segmentos.
Vejo iniciativas interessantes como a iluminação em ambientes de trabalho remoto no sentido de ajudar as pessoas e na manutenção da qualidade de vida. A luz pode ajudar a manter as pessoas em melhores condições neste período de menor exposição ao sol, maior permanência dentro de casa e necessidade de isolamento que acaba ainda mais interferindo em fatores emocionais. Também vemos iniciativas de pesquisa e aplicação de luz UV (UVC) a fim de descontaminar ambientes e através da luz eliminar vírus e bactérias. É importante que nos próximos meses tenhamos mais claro quais níveis e tempos de exposição que são seguros para que o ambiente como um todo seja atingido e o vírus seja eliminado. É importante lembrar também o quanto este espectro de luz é nocivo às pessoas (principalmente olhos e pele) e que estes equipamentos sejam seguros para utilização, atendendo às normas técnicas de segurança e desempenho.
Do ponto de vista de mercado vemos iniciativas da Abilux na valorização do produto de iluminação fabricado no Brasil e da necessidade do investimento em tecnologias locais. Mais de 500 indústrias produzem equipamentos de iluminação no Brasil, utilizam mão de obra local, investem em pesquisa e desenvolvimento para aplicação no país, e buscam superar esta fase com o desenvolvimento de um design brasileiro para os produtos. Desde a década de 1980, quando morava em Porto Alegre e comecei a buscar entender os impactos da industrialização no meio ambiente e como temos interferido na vida, lendo Gaia o Planeta vivo de José Lutzemberger, tenho presente que o que temos acompanhado nas últimas décadas com a globalização da maneira que tem sido feita, de alguma forma iríamos nos deparar com os efeitos e consequências deste modo de vida.
Precisaremos nos reinventar e buscar colocar no nosso dia a dia o aprendizado que teremos neste período. Buscar novos negócios, alternativas que atendam à necessidade de um novo mercado que será construído daqui para frente. O mundo da iluminação também não será mais o mesmo, esperamos que possa ser ainda melhor e mais abrangente para que todos possam ter a luz correta e segura em benefício da vida.