Isolamento social, muita gente em casa, a maioria com afazeres reduzidos, tudo somado às necessidades financeiras fez com que a atenção das pessoas se voltasse para o meio de comunicação com acesso mais compatível com o momento: a Internet. São centenas de webinares, lives e outros nomes tecnológicos, todos girando em torno de um único objetivo: não ser esquecido.
Nada contra, afinal todos nos viramos como podemos, eu já me rendi aos cursos “on-line e ao vivo”, as dívidas não são susceptíveis ao vírus.
Mas, quando se analisa o todo nota-se onde reside o problema a ser destacado: o despreparo intelectual e a falta de cuidado com a qual a “easy way da tecnologia” facilita a transmissão de qualquer informação. Verdades continuam sendo criadas a partir da forma como são incansavelmente repetidas (não pactuo dos pensamentos do autor, mas esta frase define perfeitamente a situação). Pessoas que antes esbarravam em sua incompetência, agora, amparadas pela facilidade encontrada em seus computadores, contribuem incessantemente para a disseminação de absurdos.
No caso da proteção contra descargas atmosféricas, não é diferente:
- A mistura na aplicação de conceitos para grandezas impulsivas que deveriam ser utilizados apenas em frequência industrial ou abaixo;
- Demonstrações de como medir resistência de aterramento do SPDA (não exigida pela ABNT NBR 5419:2015) com um multímetro, dois pedaços de condutores e uma lâmpada;
- Artefatos caseiros adaptados na utilização da proteção contra surtos de tensão;
- Textos completamente inócuos, ou até mesmo errados, sendo tratados como “a última bolacha do pacote” da normalização brasileira;
- Análises sem fundamento sobre a questão da proteção para seres vivos em áreas abertas, e por aí vai.
Essa situação de facilidade de acesso à informação trouxe consigo a necessidade de aguçar ainda mais o senso crítico, de questionar a todo momento se aquela informação faz sentido, enfim, de pensar. Estamos preparados?
Apesar de serem tempos de inovação e renovação, não podemos prescindir do obvio que é fazer o certo.
A engenharia nacional agradece.