Durante o mês de agosto e início de setembro deste ano, tive a oportunidade de participar de feiras e eventos do segmento de iluminação solar e cidades inteligentes, assim como falar sobre iluminação de destaque para as cidades. Compartilho aqui um pouco destas experiências e o que entendo que devemos fazer para melhorar o ambiente das cidades e prédios inteligentes e conectados.
O segmento solar segue em alta e, assim como em 2022, em 2023 parece que há uma maior maturidade. Impressiona a quantidade de empresas investindo na geração, sendo que outras já estão trazendo soluções de armazenamento de energia. A iluminação e os sistemas de controle, nestes casos, ajudam a reduzir a demanda para que a geração solar seja viável no menor tempo possível.
Ligando os temas com as cidades inteligentes (pauta do Connected Smart Cities no início de setembro), percebo o enorme potencial que existe na modernização e eficientização dos prédios públicos e unidades de edifícios públicos em geral. Se fala muito em mobilidade, iluminação pública através das PPPs e tecnologias de mapeamento, mas a inclusão de sistemas de iluminação interna conectada e controlada tem este grande potencial a ser explorado nos próximos anos.
Ainda é possível encontrar muitos prédios desocupados com luzes acesas durante a noite – locais que poderiam ou deveriam estar com a iluminação apagada. Da mesma forma, a luz natural não é aproveitada como deveria durante o dia. Os sistemas poderiam estar controlando o consumo de energia, aproveitando esse potencial justamente agora, em horário de ponta que tem se deslocado nos últimos anos em função de condicionamento de ar e temperatura.
Para tanto, é importante que haja guias técnicos; documentação sobre o tema; seminários técnicos; eventos específicos sobre iluminação eficiente e sistemas de controle de iluminação; discussões internas nos municípios; e criação de comitês de gestão de energia, para que os prédios possam ser avaliados e diagnosticados em termos de sua atual eficiência, junto à implementação de medidas de controle e substituição da iluminação atual (normalmente feita com lâmpadas como fonte de luz) para tecnologia LED sensorizada e conectada. Isto contribuiria para um ambiente mais preocupado e consciente quanto à importância da eficiência energética no setor público.
Além dos documentos orientativos, a revisão dos critérios do Procel Edifica, o uso de boas práticas internacionais (como regulamentos europeus e também de outros países), e a análise da experiência de certificações LEED e outras – que poderiam ser incorporadas nas atualizações dos regulamentos atuais – devem estar em pauta nas discussões entre setor público e privado. Obviamente, além do incentivo da economia de energia e um projeto que normalmente tem um tempo de retorno rápido, o fomento a estas iniciativas poderia ser ampliado, incluindo uma pontuação técnica para a obtenção de financiamentos ou o uso de recursos disponíveis para a melhoria da gestão pública nas cidades do país.
Este tema deve ser novamente trazido à pauta, em função de uma revisão da política de eficiência energética – resultado de recentes mudanças entre os papéis da Eletrobras e ENBPar que fizeram transição da gestão dos programas de eficiência, incluindo o PROCEL e suas verticais –, e outras iniciativas que estão sendo planejadas para termos sistemas de iluminação mais modernos e eficientes.
Nos últimos anos, a tecnologia mudou, se popularizou e gerou avanços para empresas privadas. Isso deveria chegar ao poder público com mais rapidez. A análise regulatória, que visa avaliar a efetividade dos programas de eficiência energética, está prevista ainda para 2023 (com conclusão em 2024), para que sejam implantadas novas ações que beneficiem as cidades e os cidadãos.
Autor:
Por Luciano Rosito, engenheiro eletricista, especialista em iluminação e iluminação
pública. Professor de cursos de iluminação pública no Brasil e exterior. Palestrante em
seminários e eventos na área de iluminação e eficiência energética. Colaborador da
Revista O Setor Elétrico. Coordenador de comissões de estudo e grupos de trabalho
para a criação e revisão de normas técnicas no Brasil, junto ao CB03 do Cobei- ABNT.
Pesquisador de sistemas de iluminação pública. Ex-coordenador do Centro de
Excelência em Iluminação Pública – CEIP de 2006 a 2010. Ex-coordenador da área de
Iluminação do LABELO – PUCRS.