Edição 72 / Janeiro de 2012
Por Michel Epelbaum
Nada melhor do que os dias de descanso do final do ano para entrar no novo ano com energia e novas ideias. Esta coluna é uma das novidades para você, leitor da revista O Setor Elétrico, considerando a importância mundial do tema.
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012 como o “Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos”. O objetivo da iniciativa é chamar a atenção para o acesso, uso consciente e geração de energia renovável, de modo a prover acesso universal a modernos serviços de energia, melhorar a eficiência energética global e aumentar a participação das energias renováveis dentro do consumo global.
O que é energia sustentável? A Organização das Nações Unidas (ONU) entende energia sustentável como aquela que é produzida e usada por maneiras que suportarão o desenvolvimento humano de longo prazo, em todas as suas dimensões sociais, econômicas e ambientais. Dentre os impactos ocasionados pela produção e uso da energia, podem-se exemplificar as emissões de gases de efeito estufa, que influenciam o aquecimento global do planeta, e o agravamento de doenças respiratórias da população afetada pela queima ineficiente de combustíveis fósseis e biomassa.
Sustentabilidade é uma palavra que passou a fazer parte do vocabulário dos líderes e personalidades mundiais nos últimos anos, sejam governantes, empresários, artistas ou ativistas. Eventos de destaque internacional passaram a demonstrar a sua preocupação com o desenvolvimento sustentável, como a Copa do Mundo (construção sustentável dos estádios), Olimpíadas de Londres (“primeira olimpíada sustentável da história”) e os desfiles de carnaval.
Relacionando com as merecidas férias, alguns hotéis já demonstram compromissos e práticas atreladas a programas internacionais de turismo sustentável. Agências sustentáveis de redes de supermercados e bancos crescem ao redor do mundo. Cidades estão sendo projetadas para se tornarem sustentáveis em alguns lugares do mundo, como Masdar (Emirados Árabes Unidos) e Dongtan (China), ou ainda transformadas para este fim, como Freiburg (Alemanha).
Da mesma forma, a preocupação com a sustentabilidade é crescente no setor empresarial. Segundo pesquisa realizada em 2010 pelo Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep) e pela consultoria internacional Accenture, com 766 presidentes de empresas internacionais de vários setores, 93% deles acreditam que temas de sustentabilidade serão críticos para o sucesso futuro de seus negócios. Esta preocupação envolve diretamente o setor elétrico e de energia, na medida em que este tem responsabilidade direta e significativa sobre o uso de recursos e impactos sobre o planeta, como:
- Impactos ambientais da extração de combustíveis;
- Impactos econômicos, sociais e ambientais da implantação das usinas de geração de energia;
- Impactos de todas as instalações, produtos e equipamentos utilizados para nos fornecer a energia necessária à vida;
- Impactos da fabricação, cadeia de fornecimento e distribuição de todos os produtos e equipamentos da área elétrica;
- Impactos gerados com a queima de combustíveis fósseis em instalações fixas ou em veículos.
Usualmente, os temas da sustentabilidade são manchetes das revistas semanais e em seções específicas dos jornais diários. Os assuntos ambientais contemplam o amplo espectro do verde, como TI verde (tecnologia da informação), consumo verde, construção sustentável, plástico verde, economia verde, investimentos socialmente responsáveis, marketing verde, etc. E as empresas que não se preocupam adequadamente com o meio ambiente e a responsabilidade social ganham outros matizes: cinza, marrom, preta.
Aproveitando que estamos em momento de definição de agendas, teremos a maior reunião do Planeta, a RIO+20, em junho de 2012 no Rio de Janeiro, para discutir o desenvolvimento sustentável. Almeja-se uma forma mais rápida e concreta de implementar o desenvolvimento sustentável em nível planetário, incluindo o tema mais crítico: a redução de emissões de gases de efeito estufa para atenuar as mudanças climáticas em andamento. Isso envolve, dentre outros pilares:
- Tecnologias como a do carro elétrico (e com emissão zero de gases de efeito estufa) e das redes inteligentes (“smart grid”);
- Normas para processos e sistemas, como as novas ISO 50001 (sistema de gestão de energia), ISO 26000 (sistema de gestão da responsabilidade social) e a mais conhecida ISO 14001 (sistema de gestão ambiental);
- Normas para produtos e os “selos ecológicos” e a nova norma ABNT NBR 15920 para dimensionamento de cabos elétricos das edificações visando a reduzir perdas de energia e emissões de gases de efeito estufa;
- Recursos para avançar no estágio tecnológico e reduzir os impactos ambientais decorrentes.
- Responsabilidades compartilhadas entre todos nós, em casa, na cidade, no trabalho, no lazer.
Cada um de nós tem poder e capacidade de contribuição ao esforço global em andamento. Que tal incluir o assunto na “reflexão anual”?
Neste ano com temas e desafios tão importantes, esperamos usar esta nova coluna para dialogar sobre os vários assuntos mencionados neste nosso primeiro contato.