O subsistema de captação de um sistema de proteção conta descargas atmosféricas é responsável pela interceptação da descarga atmosférica. Esse subsistema desempenha um papel fundamental na dinâmica da proteção. Em primeira análise, sempre pensamos na adição de elementos captores como postes, mastros, captores tipo Franklin, malhas de condutores (cabos ou barras), porém, está provado que elementos naturais oferecem melhor desempenho na proteção. Estruturas metálicas existentes na edificação (de suporte, decoração, segurança, como a estrutura metálica das coberturas, telhados, etc.), após passagem por análise de validação a fim de serem validadas como elementos naturais, são mais do que bem-vindos como itens da proteção.
A ABNT NBR 5419:2015 recomenda que seja dada preferência pela utilização de estruturas metálicas existentes nas estruturas como parte integrante do SPDA. Além disto, atribui um valor de maior desempenho a esta condição de utilização quando se necessita reduzir os riscos de perdas causadas pelas descargas atmosféricas.
Mesmo com tudo a favor, é importante enfatizar que a NBR 5419:2015 impõe algumas exigências e características para a utilização de elementos metálicos. Três “regras de ouro” devem ser cumpridas:
- De uma forma geral, independentemente do subsistema, o componente metálico tem que ser permanente, ter instalação definitiva. Não se pode utilizar aquela estrutura que sofrerá alterações, manutenções ou substituições sem danificar ou descaracterizar a estrutura. Rufo, guarda-corpo e outros que possam ser trocados ou substituídos por outros compostos ou mesmo por elementos não metálicos, não atendem à finalidade;
- Continuidade elétrica. Este quesito pode ser conseguido desde o projeto ou através de validação por ensaio. As estruturas metálicas existentes devem ter continuidade elétrica ao longo de toda sua extensão por meio de conexões entre os diversos elementos, realizadas por solda, caldeamento, costura ou conexão através de parafusos e porcas. O revestimento isolante não permitirá a utilização da estrutura como componente da captação, mas a ABNT NBR 5419 não considera como isolação efetiva uma camada de 1mm de asfalto ou 0,5mm de PVC e pintura para proteger de corrosão ou para estética;
- Dimensões normalizadas. A espessura mínima para que se possa utilizar a estrutura metálica existente como componente de captação é especialmente discutida quando da utilização de telhas metálicas e coberturas de tanques de combustível. No caso de telhados metálicos, usualmente em galpões industriais, suportados ou não por estruturas metálicas, a utilização como elemento captor propicia uma enorme economia na implementação da proteção. Ponto de união de interesses entre projetista e proprietário, porém, há que seguir a exigência da espessura mínima.
A ABNT NBR 5419 apresenta a tabela com os valores das espessuras mínimas para utilização de estruturas metálicas como elementos captores do SPDA. Os valores de espessura para cada material não variam independentemente das classes de proteção. Nesta tabela encontram-se as classes do SPDA, os materiais que podem ser utilizados, uma coluna com as espessuras “t” e outra com as espessuras “t’”.
Quando se deseja prevenir contra perfurações e pontos quentes do lado interno da estrutura, a espessura “t” deve ser observada. Como exemplo pode-se citar a existência de área classificada abaixo da cobertura metálica, então, a opção de espessura deve ser maior ou igual a “t”. Conforme a tabela, no caso de aço temos 4 mm. Fica claro que a mesma espessura é necessária se o objetivo for evitar a perfuração da estrutura.
Já quando a prescrição é menos restritiva e quando a perfuração da estrutura não for um problema, as espessuras “t’” podem ser adotadas. É o caso de grande parte de galpões industriais. Assim, em galpão cuja cobertura for composta por telhas metálicas com espessura maior ou igual a “t’”, que não seja ambiente de área classificada e a perfuração da telha seja aceitável, pode-se dispensar os elementos captores não naturais (convencionais).