A plataforma online do novo Atlas Eólico e Solar do RN, lançada nesta segunda-feira (28) pelo Sistema FIERN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), foi definida por lideranças políticas e por representantes do setor produtivo como “fundamental para novas fases de investimento no setor de energia do estado”.
A plataforma está disponível no endereço atlaseolicosolarn.com.br e disponibiliza informações medidas em campo por estações meteorológicas instaladas pelo Instituto, além de bases de dados públicas com informações socioeconômicas e de infraestrutura que podem ser cruzadas para realização de estudos e tomada de decisões das empresas. O acesso é gratuito.
O trabalho integra o projeto do Atlas Eólico e Solar em desenvolvimento pelo ISI-ER por meio de Termo de Colaboração firmado entre o governo, através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec), e a Federação das Indústrias do estado (FIERN), com execução do SENAI-RN, por meio do Instituto.
O lançamento foi realizado durante o “Encontro em Defesa das Energias Renováveis”, na Casa da Indústria, com transmissão ao vivo no canal do Sistema FIERN no YouTube (clique aqui para assistir e aqui para ler mais sobre o Encontro).
Papel estratégico
Para o presidente do Sistema FIERN, do Conselho Regional do SENAI-RN e da Comissão de Energias Renováveis (COERE) da Federação das Indústrias do estado, Amaro Sales de Araújo, a plataforma fortalece o ambiente de investimentos do setor em território potiguar. “Uma das melhores e mais fundamentadas apostas para o Rio Grande do Norte deve ser em torno das energias renováveis”, disse, acrescentando que “para a aposta ser mais certeira e promissora, precisávamos de um novo Atlas de energias”.
“Trata-se de um trabalho importantíssimo para atrair novos investimentos, que se concretizou, considerada a relevância do tema, graças à relação institucional, franca e transparente, do Governo do Estado com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte”, observou Sales.
Ele destacou também a força do Nordeste no campo das energias renováveis, ressaltando que a região, antes taxada de “peso para a economia do Brasil”, agora – puxada especialmente pelo RN – assume o papel estratégico de “carregar o Brasil de energia”.
A governadora Fátima Bezerra, por sua vez, descreveu o lançamento da plataforma como “uma importante conquista para o RN, uma tecnologia que vai apontar onde estão as melhores direções dos ventos ou do sol para que os investidores que chegarem façam seus investimentos com segurança”. O projeto representa um investimento de R$ 2,6 milhões do governo.
A plataforma
A apresentação das ferramentas disponíveis ficou a cargo do diretor do ISI-ER, Rodrigo Mello, e do pesquisador do Instituto, Raniere Rodrigues. A plataforma, disse Mello, “é um produto fundamental, desenvolvido com inovações que proporcionam ao público informações sólidas, reais, e com nível de precisão sem precedentes no Brasil”.
A ferramenta traz a público informações do ISI-ER medidas em campo e simuladas sobre os ventos que sopram no estado, onshore (em terra) e offshore (no mar), além do potencial de geração de energia solar.
Os dados são colhidos por meio de estações solarimétricas instaladas em seis municípios e de uma torre anemométrica na região de Areia Branca, com informações, por exemplo, sobre velocidade e frequência dos ventos em diferentes alturas. As análises são feitas por pesquisadores, pesquisadoras e especialistas do Instituto, entre mestres, doutores e técnicos em áreas como meteorologia, ciências climáticas, geografia, engenharia, energia eólica e solar.
A plataforma também apresenta em um único endereço online informações de fontes como Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam, por exemplo, a infraestrutura de energia – como linhas de transmissão disponíveis – infraestrutura de transporte em diferentes áreas do estado e informações socioeconômicas e ambientais consideradas chaves em atividades de pesquisa e desenvolvimento do setor, em estudos ambientais e de viabilidade técnica, assim como em outras análises que envolvem investimentos. Entre as possibilidades com o acesso estão a construção de mapas com diferentes camadas de informações e downloads de dados.
Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, apresentou três pontos de inovação do trabalho como principais destaques: “Estamos instalando a maior torre anemométrica do Brasil no município de Jandaíra, com 170 metros, uma altura equivalente a um prédio de 60 andares, para medir informações de vento que vamos disponibilizar na plataforma. Outra inovação é que instalamos sete outras estações de medição, seis delas em terra e uma no mar, a 20km da praia, conseguindo um nível de informação ainda não visto em Atlas nenhum do Brasil”, disse ele, e foi além: “O nível de precisão para a tomada de decisão dos investimentos passa a ser outro a partir de agora. É uma evolução de 100% e com uma terceira vantagem: Os dados ficam disponíveis online”.
Potencialidades
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, ressaltou que “esse Atlas é fundamental, que é ponto de partida para novas fases de investimentos em energia eólica onshore, offshore e também para a potencialidade do hidrogênio a partir de fontes renováveis”.
“O potencial onshore já é razoavelmente conhecido, tanto que o estado atraiu muitos investimentos. Mas é muito importante que essas informações mais apuradas, de fácil alcance, já melhoram muito para o investidor onshore e, além disso, para o investidor offshore, que está neste momento batendo na porta do Brasil para fazer investimento, elas são fundamentais”, acrescentou em entrevista à imprensa.
A presidente da ABEEólica destacou que o Rio Grande do Norte tem mais de 6 Gigawatts (GW) em capacidade instalada atualmente em terra – o que o torna líder nacional em geração eólica – e mais 7 GW em instalação, além de grandes possibilidades no offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento.
“Estamos trabalhando junto ao governo federal para que a regulamentação (do offshore) saia o mais rápido possível para que possamos iniciar os investimentos, para que tenhamos o primeiro leilão em 2023 e já consigo enxergar antes do final desta década os cataventos girando no mar do país e no estado, por que não?”, frisou.
Elbia chamou a atenção ainda para a urgência de investimentos em fontes de energias renováveis, para reduzir emissões de gases na atmosfera, combater mudanças climáticas no planeta e amenizar o peso dos custos de energia no bolso dos consumidores. “Estamos vivendo verdadeiras guerras”, acrescentou, listando: “contra a Covid-19, contra as mudanças climáticas e a da Rússia contra a Ucrânia, e é com o investimento em ciência que teremos armas para lutar. É aproveitando a inovação tecnológica, como vemos no Atlas”, observou, ressaltando que investir muito em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) está no centro da estratégia do setor.
O presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia, participou do evento por meio de vídeo, destacando que 2021 foi o ano de maior crescimento do setor no Rio Grande do Norte e que há mais investimentos por vir.