Classificação dos dispositivos de detecção de tempestades elétricas

Os termos “classe” e “nível” costumam provocar dúvidas de aplicação no mundo da proteção contra descargas atmosféricas (PDA).

Na ABNT NBR 5419 temos que “nível de proteção contra descargas atmosféricas – NP – (lightning protection level – LPL) é o número associado a um conjunto de parâmetros da corrente elétrica para garantir que os valores especificados em projeto não estão superdimensionados ou subdimensionados quando da ocorrência de uma descarga atmosférica”. 

Além do nível de proteção, parâmetro associado à PDA, a ABNT NBR 5419-3 mostra a definição para classe do SPDA, definida como: “classe do SPDA é o número que denota a classificação de um SPDA de acordo com o nível de proteção para o qual ele é projetado”. 

O nível de proteção é obtido a partir do desenvolvimento da análise de risco conforme determina a ABNT NBR 5419-2 e, como já mencionado, é parâmetro para desenvolvimento de toda a PDA (SPDA e MPS), assim, na ABNT NBR 5419-3, Tabela 1 – relação entre níveis de proteção para descargas atmosféricas e classe de SPDA, são mostradas as relações entre esses parâmetros e na ABNT NBR 5419-2, Tabelas B.3 e B.7 define-se também o nível de proteção para o qual os DPS são dimensionados. Neste ponto inicia-se o conflito entre termos, pois os ensaios realizados para definir a suportabilidade dos DPS a correntes impulsivas ou induzidas também classificam esses componentes como sendo classe I, II ou III, conforme a ABNT NBR IEC 61643-12.

Assim, os termos nível e classe vêm sendo utilizados ao longo do tempo sem a preocupação com o conflito mostrado. 

Quando da criação da ABNT NBR 16785 – Sistema de alerta de tempestades elétricas, essa situação foi discutida e como alternativa, ao invés de classificar os detetores de tempestades elétricas como classes A, B, C e D, igualmente ao texto original da IEC – International Electrotechnical Commission, foram atribuídas denominações conforme sua capacidade e forma de detecção.

Classificação dos dispositivos de detecção de tempestade elétrica

Conforme as fases da tempestade elétrica ou a ocorrência de descargas são estabelecidos os tipos para a identificação dos sistemas de detecção e alerta de tempestades elétricas:

– Por campo elétrico (DCE, equivalentes aos Classe A): os dispositivos DCE devem ser capazes de detectar qualquer fase entre todas as fases de uma tempestade elétrica (fases 1 a 4) dentro da área de cobertura do detector. Desta forma, os dispositivos DCE alertam tanto para as tempestades elétricas, que iniciam formação sobre a área que se quer proteger, quanto para as tempestades elétricas, que se aproximam dela. Os dispositivos DCE são os mais adequados para a tomada das medidas quando se visa a proteção local.

– Por campo eletromagnético (DEM23, equivalentes aos Classe B): os dispositivos DEM23 devem ser capazes de detectar a existência de descargas atmosféricas (flashes) intranuvem e nuvem-terra, alertando para as tempestades elétricas já formadas (Fases 2 e 3) que se aproximam da área que se quer proteger.

– Por campo eletromagnético (DEM3, equivalentes aos Classe C): os dispositivos DEM3 são capazes de detectar apenas as descargas atmosféricas (flashes) nuvem-terra, alertando somente para as tempestades elétricas maduras (Fase 3) que se aproximam da área que se quer proteger.

– Por campo eletromagnético (DEM3L, equivalentes aos Classe D): os dispositivos DEM3L, portáteis, detectam descargas atmosféricas nuvem-terra (Fase 3) e outras fontes eletromagnéticas, porém, com eficiência muito limitada. Não provê informação confiável quando o assunto for PDA.

É importante ressaltar que os DEM23 e DEM3 são dispositivos utilizados no estudo das descargas atmosféricas já ocorridas, função da leitura do campo eletromagnético gerado pela corrente elétrica existente nesses raios.

Enfim, todo cuidado é pouco na utilização dos parâmetros da proteção contra descargas atmosféricas, pois a possibilidade de erros conceituais é considerável.

Autor:

Por Jobson Modena, engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br

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