Edição 109 – Fevereiro de 2015
Por José Starosta – Consultor Técnico
A nossa lição de casa parece pesada, daquelas difíceis de serem resolvidas mesmo que trabalhemos no mesmo grupo do “CDF” da classe. O choque de realidade nos atinge não talvez da mesma forma que atingiu as vítimas do acidente elétrico do carro alegórico em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, que perderam tragicamente suas vidas, mas muito suor será derramado para a conclusão desta tarefa. Os termos “racionamento”, “racionalização”, “contenção de gastos”, “inflação” e outros nos perseguirão como fantasmas por mais um bom tempo. O tema merece atenção e participação de toda a sociedade, pois tem proporções estratégicas e de segurança nacional. Mãos à obra e sem choradeira. Há muito o que deve ser feito e nós sabemos o que deve ser feito.
Voltando ao tema da morte dos foliões, será que alguém já parou para pensar no estúpido risco que eles inocentemente correram? E que foi fatal! A explicação parece tecnicamente simples: “o carro alegórico encostou na fiação elétrica de alta tensão do veículo que era empurrado pelos acidentados”. De forma tragicômica, o local do acidente foi a Via Light, em frente ao inferninho Bossa Nova, conforme informações do site “O dia”.
Escrevo estas linhas na quarta-feira de cinzas, assistindo, inconformado, a mais uma tragédia que poderia ser evitada ao bom estilo da boate Kiss.
Claramente, não temos nenhum regulamento ou normas técnicas, em especial, a serem seguidas para aqueles que se aventuram por construir verdadeiras naves sobre pneus que encantam o mundo todo. Fico imaginando como aquelas gruas, guindastes, sistemas pneumáticos movidos por compressores, bombas e outras tantas traquitanas sobre as quais os carros alegóricos e trios elétricos são construídos operam adequadamente e, principalmente, conferem segurança àquela centena de operadores que fazem o espetáculo acontecer. Apenas por curiosidade, como seria o sistema de aterramento destes carros? Algum DR? Alguma ligação equipotencial? Algum EPI para a turma? As prefeituras teriam estudado os caminhos a serem traçados e percorridos pelos carros? A dirigibilidade dos carros é segura?
Quando mortes ocorrem, já pagamos um preço muito alto. É hora de agir e não esperar as próximas. Somente uma normalização adequada nos ajudará a evitar a recorrência do erro.
Vamos derramar suor e não lágrimas.
Eng. José Starosta
Consultor da revista O Setor Elétrico
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