Proteção dos sistemas eletroeletrônicos

Edição 111 – Março de 2015
Espaço 5419
Por Sergio Roberto Santos*

As descargas atmosféricas transferem uma altíssima quantidade de energia que pode danificar equipamentos eletrônicos. A nova versão da norma ABNT NBR 5419 apresenta as medidas que devem ser tomadas para limitar os efeitos destas descargas sobre os sistemas eletroeletrônicos no interior das estruturas.

A última das quatro partes em que se divide a ABNT NBR 5419 apresenta o que deve ser feito para a instalação de um sistema interno de proteção contra descargas atmosféricas, que vai evitar que a parcela da corrente de impulso seja conduzida para dentro da edificação pela sua instalação elétrica caso ele não existisse, danificando a instalação e os seus componentes.

Sempre se considerou que uma edificação deveria ser protegida contra descargas atmosféricas para evitar danos à sua estrutura. Mas, atualmente, é claro para todos que uma descarga atmosférica pode interferir com os sistemas eletroeletrônicos em uma edificação, mesmo que ela não seja diretamente atingida.

A nova ABNT NBR 5419 consagra o princípio que proteger uma edificação contra descargas atmosféricas também é assegurar a integridade das suas instalações elétricas e dos seus equipamentos eletrônicos, permitindo que seus sistemas funcionem durante e após a ocorrência das descargas atmosféricas. Para alcançar este objetivo, a NBR 5419 desenvolve em sua parte 4 as ações necessárias para a proteção dos equipamentos elétricos e eletrônicos dentro da estrutura protegida. Estas prescrições não são novas e muitas delas estão descritas, ou fundamentam, as medidas de proteção contra surtos existentes em outras normas, como a ABNT NBR 5410:2004, ou já existem com uma abordagem superficial na atual ABNT NBR 5419:2005.

Com a nova NBR 5419, os profissionais passam a ter um documento que aborda de forma completa e detalhada os principais pontos que fundamentam tecnicamente a proteção contra sobretensões transitórias, mesmo aquelas causadas por eventos internos à instalação.

A parte 4 da nova NBR 5419 define os termos que serão utilizados, apresenta as Medidas de Proteção contra Surtos (MPS) e apresenta o que são Zonas de Proteção contra Raios (ZPR). A seguir os conceitos de aterramento e equipotencialização são muito bem definidos e explicados. Com eles bem estudados, o profissional terá a base necessária para proteger os equipamentos contra os surtos de tensão.

A blindagem dos cabos, o roteamento das linhas elétricas e a aplicação dos Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) complementam esta parte 4, sempre partindo do princípio que as medidas devem ser complementares.

O grande desafio que os profissionais devem vencer é justamente a leitura da norma como um todo e não tentar buscar em algum trecho a solução de um problema específico. Muito do que é feito atualmente em termos de proteção contra surtos carece de fundamento técnico e ainda é feito de forma parcial. A parte 4 da NBR 5419 não é, como nenhuma norma deve ser, um manual ou um guia de proteção contra surtos, mas apresenta todas as informações necessárias para que alguém com prévio conhecimento em eletricidade consiga proteger uma instalação elétrica, seus componentes e operadores contra os efeitos de uma descarga atmosférica, ou contra surtos originários de manobra.

Dessa maneira, a nova norma não eliminará a necessidade de se utilizar todas as medidas em conjunto. Muitas vezes os profissionais procuram não a solução técnica para um problema, mas um atalho que justamente elimine a efetivação da solução apresentada pela norma. Atualmente é muito comum que instalações elétricas muito antigas ou inadequadas recebam equipamentos modernos que necessitem ser protegidos. A norma apresenta as medidas necessárias para proteger estes equipamentos e o profissional envolvido perceberá, com ou sem a norma, que inevitavelmente será necessário adequar ou modernizar esta instalação, o que será impossível implantar as medidas descritas na parte 4 da nova NBR 5419.

Especificamente para os fabricantes de dispositivos de proteção contra surtos, a nova norma será muito útil. Desde que estes fabricantes incentivem a divulgação e a aplicação desta norma, será possível uma melhor aplicação destes dispositivos, que serão instalados de forma mais eficaz e com melhores resultados.

Atualmente, a utilização de DPS é feita na maioria das vezes de forma aleatória, sem nenhum critério e os próprios fabricantes se frustram porque a instalação do DPS é apenas parte da proteção, sendo estes dispositivos totalmente ineficazes se não tiverem sido especificados e instalados dentro de critérios, os quais são descritos nesta norma.

A própria sequência em que os temas são apresentados na norma mostra como o projeto deve ser desenvolvido. O objetivo das medidas de proteção contra surtos é limitar as diferenças de potencial dentro da edificação, levando-as a valores aceitáveis pelos elementos a serem protegidos.

Com a nova edição da ABNT NBR 5419 não será mais possível considerar o projeto do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), independentemente do projeto elétrico. A implementação das MPS só pode ser feita se o projeto da instalação elétrica e o do SPDA forem desenvolvidos de forma coordenada. A filosofia por trás da parte 4 desta norma considera que uma parcela da “corrente do raio” entra na edificação, exista ou não o SPDA externo.

Para facilitar e incentivar a aplicação da nova ABNT NBR 5419, em próximas edições da revista O Setor Elétrico traremos artigos comentando os principais pontos da parte 4.
A nova edição da ABNT NBR 5419 representará um desafio para os profissionais, já que não serão mais aceitos lapsos na proteção dos equipamentos eletroeletrônicos contra surtos de tensão, porque não se poderá mais alegar falta ou divergência de informação sobre o que deve ser feito.


*Sergio Roberto Santos, é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos CE 003.064.10, do CB-3 da ABNT.

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