Utilização de termelétricas sobe 77% em 2021, indica estudo

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) lançou, no final de junho, o estudo inédito “Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas”. A pesquisa consolidou uma base de dados com parâmetros técnicos e ambientais das usinas, tais como combustíveis utilizados, tecnologias adotadas e potenciais de emissões atmosféricas. Entre as constatações mais relevantes está a indicação de que a geração de energia em termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) cresceu 77% em 2021, alcançando cerca de 96 TWh e sendo responsável pela emissão de 58 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), 78% a mais que em 2020.

Durante a apresentação do documento, o diretor-presidente do IEMA, André Luis Ferreira, destacou as dificuldades em obter os dados que serviram como base do levantamento: “Como é comum no País, os dados ambientais não estão disponíveis de maneira fácil para a sociedade, você tem que praticamente garimpá-los”. Ferreira também enfatizou a importância de se divulgar tais informações: “Esse inventário vai permitir um debate sobre as responsabilidades pelas emissões de CO2 e de óxido de nitrogênio no setor elétrico”, afirmou.

Confira os principais tópicos apresentados pelo Instituto:

Utilização de termelétricas dispara em 2021

De acordo com o inventário, em 2021 foi confirmada a tendência crescente de utilização de termelétricas fósseis para minimizar o risco de atendimento à demanda. Estimativas preliminares do IEMA indicam que a geração em termelétricas fósseis de serviço público do Sistema Interligado Nacional (SIN) cresceu 77% em relação a 2020, alcançando cerca de 96 TWh. Essa geração foi responsável pela emissão de 58 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), 78% a mais que em 2020.

Matriz elétrica brasileira em transição

O estudo destaca também que, desde o início dos anos 2000, a matriz elétrica brasileira passa por uma transição caracterizada pela crescente ampliação da participação de renováveis não hídricas, como biomassa e eólica, e pela expansão do uso de combustíveis fósseis. “Nas duas últimas décadas, a geração total de energia elétrica cresceu 78%, enquanto a geração por meio da fonte hidráulica teve ampliação de apenas 30%”, expõe o IEMA.

Dentre os tópicos que demonstram tal movimento de transição, evidencia-se o aumento da geração termelétrica fóssil, que subiu 177% nos últimos 20 anos – crescendo de 30,6 TWh em 2000 para 84,8 TWh em 2020. Consequentemente, o total de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no setor elétrico brasileiro aumentou 90% neste período.

Consequências ambientais

Ao todo, as 72 usinas inventariadas pelo IEMA emitiram 32,7 milhões de toneladas de CO2e em 2020. Essas emissões se concentraram em um número relativamente pequeno de termelétricas: 49% dos gases de efeito estufa emitidos em 2020 foram de responsabilidade de somente dez usinas – seis delas têm o carvão mineral como combustível principal e outras quatro utilizam o gás natural. 

De acordo com o Instituto, além das emissões de gases de efeito estufa, essa categoria de geração resulta em uma série de outros problemas ambientais, como estresse hídrico por conta da utilização de água para resfriamento de sistemas, poluição atmosférica local ou competição no despacho de energia com fontes renováveis. “Ademais, as termelétricas fósseis contribuem significativamente para o encarecimento das contas de eletricidade”, afirma a organização.

Escopo do inventário

Segundo informações do documento, a base de dados de geração termelétrica utilizada para listar as usinas inventariadas diz respeito às térmicas de serviço público que disponibilizaram energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN), excluindo tanto as unidades de geração de autoprodutores quanto as plantas movidas a combustíveis renováveis. A geração termelétrica nos sistemas isolados (Sisol), supridos por pequenas ou médias usinas com pouca disponibilidade de informações, também está fora do escopo da primeira edição do inventário.

É possível conferir a íntegra do estudo em: www.energiaeambiente.org.br 

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