Edição 118 – Novembro de 2015
Por Sidnei Ueda*
Todo projeto de rede elétrica deve ser desenvolvido para garantir a proteção e o conforto dos usuários, bem como a segurança do imóvel e dos seus bens materiais. Assim, entre os principais itens que garantirão esses requisitos, estão: a mão de obra qualificada e a adoção de produtos certificados para, desta forma, assegurar que as normas de segurança sejam respeitadas. Uma instalação elétrica segura é também eficiente, pois as perdas de energia (sob forma de calor nas conexões e demais componentes) serão minimizadas, contribuindo com a redução do consumo geral.
O Código de Defesa do Consumidor prevê punição para profissionais da área elétrica que coloquem em risco a segurança patrimonial ou as pessoas que circulam pela área, por conta da má qualidade das instalações. Por isso, a qualidade dos profissionais envolvidos no projeto é fundamental para uma rede segura.
Como a certificação voluntária ainda se restringe à própria instalação, no que tange à capacitação desse profissional, deve-se avaliar a sua qualificação (o saber fazer), a habilitação profissional (o poder fazer) e a experiência no tema. “A falta de um desses componentes pode colocar em risco a segurança das pessoas que utilizarão a instalação, pela ocorrência de acidentes tão comuns e com consequências graves, que vão de choques elétricos mortais a incêndios de grandes proporções”, afirmou o superintendente da Certiel Brasil entre 2008 e 2014, o engenheiro Eduardo Daniel.
A formação do profissional também sofre defasagem no país. Além de poucos cursos qualificados na área, há a baixa procura de estudantes interessados – uma vez que, para a maioria dos contratantes de serviços de eletricidade, o profissional especializado não é valorizado. É um ciclo vicioso. A baixa exigência de profissionais qualificados pode resultar ainda em novos retrabalhos nas instalações, além de possíveis indenizações sobre acidentes ocorridos.
Por outro lado, são diversos os componentes a serem avaliados numa instalação, como eletrodutos, condutores, conectores, disjuntores, interruptores e tomadas, entre outros dispositivos. O mercado de energia, eletricidade e iluminação também é atingido pela pirataria: muitos instaladores utilizam material sem aprovação certificada, com peso, quantidade, comprimento e composição alterados. É preciso ter muito cuidado na compra, pois alguns deles, como tomadas, fios, cabos e disjuntores, devem possuir a marca do Inmetro e também devem ter todas as informações da procedência (como marca, fabricante e norma técnica, entre outras).
O Inmetro, por meio de seu Programa de Avaliação de Conformidade, assegura ao consumidor que um produto está de acordo com regulamentos técnicos previamente estabelecidos em relação a critérios que envolvam, principalmente, a saúde e a segurança do consumidor e a proteção do meio ambiente. De outra forma, a iniciativa aponta ao fabricante as características técnicas que seu produto deve possuir para se adequar aos regulamentos técnicos. Com isso, o programa facilita o comércio exterior do Brasil, com incremento nas exportações; protege o mercado interno, dificultando a entrada de produtos que não atendam a requisitos mínimos de segurança e desempenho prescritos em regulamentos; e agrega valor às marcas, atraindo novos consumidores e novas fatias de mercado, ao atestar o atendimento de um produto a regulamentos técnicos.
No artigo da próxima edição, apresentarei mais detalhes sobre a certificação voluntária das instalações elétricas no Brasil. Você saberá por que o país está tão atrasado nesse assunto – até mesmo diante de seus vizinhos do Mercosul.
*Sidnei Ueda é engenheiro eletricista pela Unicamp. Exerce o cargo de gerente de aplicação de produto da Nexans, atuando no segmento de linhas e cabos nus e isolados destinados à transmissão e distribuição de energia, no Centro de Competências Aéreas da Nexans Brasil.