Edição 120 – Janeiro de 2016
Espaço 5419
Por Normando Alves*
Como anteriormente apresentado, a nova ABNT NBR 5419:2015 trouxe diversas novidades em relação à versão anterior. Boa parte dessas mudanças que demandam novos olhos não apenas para a avaliação da necessidade da proteção, mas também de quais novos parâmetros deverão ser analisados a fim de melhorar o nível dos projetos e das instalações de modo a minimizar os riscos de danos pessoais, materiais, com perda de informação, etc., está na parte 2 (análise e gerenciamento de risco).
Entre esses parâmetros pode-se destacar o cálculo da área de exposição, em que deve ser aplicado o triplo da altura da estrutura (3H), fazendo com que essa área de exposição seja substancialmente aumentada. A experiência tem mostrado que essa mudança faz com que edificações muito extensas (shopping centers) e muito altas (torres comerciais ou residenciais) exijam uma proteção mais consistente, sugerindo uma forte tendência de utilização da classe I no SPDA.
A preocupação com a proteção de estruturas de altura elevada está clara na Figura 1 (representação da Figura A.4 da parte 3 da ABNT NBR 5419), em que são mostradas recomendações especiais, complementares para edificações com altura superior a 60 m, uma vez que o número de impactos das descargas atmosféricas de topo ou nas laterais é estatisticamente superior às edificações com alturas até 60 m.
Figura 1 (Figura A.4 da parte 3) – Proteção lateral adicional nos últimos 20% das fachadas até o topo da edificação, obedecendo, no mínimo, aos critérios para SPDA classe IV.
A seguir são apresentadas fotos de um shopping center com altura superior a 60 m e que teve suas colunas de concreto armado protegidas contra o impacto de descargas atmosféricas laterais através da instalação de barras de alumínio adicionais.
Neste caso, a instalação das barras não tinha como objetivo principal a proteção da estrutura, uma vez que ela fora projetada e instalada com a utilização de componentes naturais do concreto armado (garantindo sua continuidade elétrica), mas sim com a segurança na parte inferior, onde estilhaços de concreto oriundos de uma descarga atmosférica lateral pudessem aumentar os riscos de danos materiais e de acidentes com pessoas, inclusive, oferecendo risco de vida.
Nota-se nas fotos a existência de elementos metálicos (chapas de aço inox) em nível mais interno ao das quatro colunas de concreto armado que estão mais externas, daí a constatação da necessidade de proteção adicional para essas colunas, pois estão mais expostas e, consequentemente, vulneráveis às descargas atmosféricas laterais.
Figura 2 – Fotos 1, 2 e 3 indicam a proteção adicional complementando o SPDA externo inicialmente projetado.
Em outra situação, a Figura 3 mostra um desenho de projeto já considerando a proteção contra descargas atmosféricas laterais dos 20% da altura total a partir do topo do prédio. Nesse caso, a ideia é mostrar que, apesar das certas dificuldades financeiras e executivas, é possível atender às exigências da norma. Na Figura 2, os condutores de descida e anéis intermediários não estão desenhados, pois se trata de uma instalação com aproveitamento das armaduras eletricamente contínuas do concreto.
Figura 3 – Croqui mostrando a proteção adicional dos 20% da altura total a partir do topo do prédio.
Vários outros exemplos, além dos mostrados neste trabalho, em que as condições naturais da fachada ou massas metálicas adicionadas com outras utilidades podem, com poucas intervenções a fim de adequá-las às exigências da norma, funcionar como elementos naturais de captação adicional. Podem ser citados: molduras de pele de vidro, guarda corpo chumbado na estrutura, breezes metálicos, etc. Todos, após devida análise, podem ser incorporados ao sistema de proteção adicional visando a interceptar as descargas atmosféricas em prédios com altura superior a 60 m.
*Normando Virgilio Borges Alves é membro da comissão que revisou a norma ABNT NBR 5419 e diretor de engenharia da Termotécnica Para-raios.