No Brasil, a participação da mulher no mercado de trabalho e a busca pela equidade de gênero são temas que ganham cada vez mais relevância. Ainda há uma disparidade entre a presença de homens e mulheres em diversos aspectos, como é o caso da remuneração. Segundo levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, as mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil. Quando o assunto é desemprego, porém, a realidade é diferente. Uma outra pesquisa, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), apontou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior à dos homens.
Ao avaliar especificamente o setor de energia em nível global, a participação das mulheres é superior a outros segmentos, mas ainda assim é baixa. Estudo apresentado pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) mostra que as mulheres ocupam cerca de 32% dos empregos no setor de energias renováveis.
Com o propósito de contribuir para ampliar a participação das mulheres no setor de energia no Brasil, a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) promoveu, em 22 de agosto, o 1º Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia. O evento foi realizado no Hotel Renaissance, em São Paulo, e faz parte de um trabalho institucional amplo e de longo prazo da Associação.
O congresso contou com mais de 50 palestrantes, todas mulheres, divididas em nove painéis, organizados com temas atuais do setor de energia, desde as novas oportunidades aos entraves do segmento no País, recebendo mais de 750 congressistas atuantes no setor de energia. Com transversalidade de conteúdos, os debates também contribuíram para lançar luz sobre o futuro das mulheres e os desafios globais para igualdade de direitos e oportunidades no setor.
Durante o evento, a ABGD assinou um compromisso com a GIZ Brasil – agência alemã de cooperação internacional – e a Rede MESol Solar para promover ações de fortalecimento para aumentar a inserção das mulheres no mercado de energias renováveis. Como bem pontuou Zilda Costa, diretora de Regulação da ABGD, é necessário derrubar paredes invisíveis, verdadeiros tabus, e consolidar a participação das mulheres que já atuam no setor, além de atrair novas profissionais para empresas, órgãos regulatórios e entidades do segmento.
Outro ponto importante é a conscientização e o apoio do setor. A prova de que estamos no caminho certo é que a organização do evento contou com o apoio de importantes instituições, como Abiogás (Associação Brasileiro do Biogás), ABRAPCH (Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas), ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Sindienergia-RS (Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit).
Vale ressaltar que não houve dificuldade para encontrar palestrantes mulheres qualificadas e atuantes. A grande barreira que estamos vencendo é o modo de pensar eventos desse tipo que, majoritariamente, carecem da presença da mulher. Ou seja, é preciso ter uma nova mentalidade para proporcionar espaços para a participação e presença feminina, em especial no setor elétrico.
Devido ao imenso sucesso do evento e à grande procura das empresas por eventos que fomentem a isonomia de gênero, já está sendo organizado o 2º Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia, que será realizado nos dias 7 e 8 de março, no Hotel Royal Tulip, em Brasília (DF), com o encerramento do evento coincidindo com o Dia Internacional da Mulher – 08 de março. A previsão é de receber mais de 1.000 congressistas em dois dias de evento.
Autor:
Por Guilherme Chrispim, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD)