Neste mês de outubro, o Brasil ultrapassou a marca de 14 gigawatts (GW) de capacidade em geração própria de energia elétrica, também chamada de Geração Distribuída (GD). Com essa marca, a GD superou a potência instalada da usina de Itaipu – a maior hidrelétrica em operação no Brasil – responsável por cerca de 10% da energia consumida no País.
Esse é um marco histórico para a GD e merece ser exaltado. Itaipu levou aproximadamente 10 anos desde o início de sua construção, em 1974, até a operação da primeira turbina, em 1984, e contou com cerca de 40 mil pessoas trabalhando para realizar as obras. A geração própria de energia levou os mesmos 10 anos para alcançar a capacidade de Itaipu e também fornece energia limpa e renovável para o Brasil. A GD, porém, possui quase 1,4 milhão de unidades geradoras de energia, espalhadas por praticamente todos os municípios do país, e emprega hoje mais de 400 mil pessoas em várias etapas da cadeia.
Além de consolidar sua expansão, a geração de energia pelos próprios consumidores acrescentou 1 GW de capacidade ao sistema (de 13 GW para 14 GW) em apenas 38 dias, o crescimento mais rápido já registrado. Como já prevíamos, 2022 se consolidou como o ano da geração própria de energia no Brasil, pois presenciamos uma aceleração sem precedentes nesse segmento. Nesse ritmo, devemos chegar a cerca de 16 GW até dezembro e alcançar novas Itaipus nos próximos anos.
A matriz solar, puxada pela geração própria de energia, que responde por cerca de 68% da potência dessa modalidade, chegou à terceira posição entre as principais fontes de energia em potência instalada no País, com chances reais de alcançar, em breve, a segunda posição, ocupada hoje pela energia eólica. Dos 20,5 GW de capacidade da matriz solar brasileira, cerca de 14,3 GW são provenientes da geração própria de energia.
Com quase 1,8 milhão de consumidores, a GD no Brasil está dividida entre as classes de consumo residencial (47,4%), comercial (30,3%), rural (13,4%) e industrial (7%). Entre as fontes dos sistemas de mini e microgeração de eletricidade, a energia solar é a mais presente no País, representando 98,3% do total; seguida por biomassa e biogás (1%), central geradora hidrelétrica (0,5%) e eólica (0,1%).
Com potência instalada superior 14 GW, a geração distribuída tem capacidade suficiente para abastecer aproximadamente 7 milhões de residências, ou 28 milhões de pessoas – o equivalente a 13% da população brasileira.
Além de gerar energia limpa e renovável, a GD também contribui para levar desenvolvimento social e empreendedorismo a todos os estados brasileiros. Faço questão de destacar que a geração distribuída é a mais democrática das modalidades de geração de energia. E quem ganha com isso, sem dúvida nenhuma, é a população.
Autor:
Por Guilherme Chrispim, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD)