O caso de uma pessoa ter sido vítima de impacto direto de raio não foi o primeiro e tão pouco será o ultimo no Brasil. No dia 01.01.2017, contrariando os alertas e as recomendações dos guarda-vidas, pessoas caminhavam sob a chuva na Praia dos Sonhos em Itanhaém, litoral sul de São Paulo, quando uma descarga atmosférica atingiu diretamente uma delas.
Momento em que a descarga atmosférica atinge à pessoa (foto retirada da Internet).
O fato é lamentável e é importante esclarecer que a proteção das pessoas em áreas abertas é um dos assuntos mais difíceis de ser tratado. Neste caso, 100% de proteção só pode ser obtido de duas formas: se não houver pessoas ou se não houver raios, o resto é conversa dos já famosos e tão combatidos vendedores de ilusão. No entanto, há como minimizar, e muito, o numero de acidentes com raios em situações como essa.
A primeira providência, uma constante na vida, é prover informação aprimorando a educação da população. Fazer com que todos, desde as pessoas que trabalhem em áreas abertas até aquelas que simplesmente estejam circulando pelo local, saibam dos riscos reais envolvidos num simples passeio à beira-mar, num parque ou quando jogam futebol sob as nuvens eletricamente carregadas, mesmo sem a presença de chuva. Após essa conscientização massiva, criar parâmetros, regras, sinalização e métodos seguros de evacuação para locais de menor risco.
Nós da CE-64.10, comissão que trata do assunto “proteção contra descargas atmosféricas” para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), temos como meta publicar ainda neste ano dois documentos para ajudar a parametrizar a proteção contra raios em áreas abertas.
O primeiro documento trata de um conjunto de sugestões para procedimentos e regras de conduta; o segundo é uma norma relacionada a aparelhos que têm a capacidade de detectar com bastante precisão a possibilidade de impacto direto de raio em uma área definida. Isso permitiria sinalizar a necessidade da retirada das pessoas do local com certa vantagem de tempo, o que daria aos atuais e quase inócuos avisos um poder quase que mandatário.
Enfim, passou da hora de termos mais proteção em áreas abertas e densamente povoadas. Não podemos continuar acreditando no pensamento popular “comigo não acontecerá”. Lembremo-nos que, em eventos probabilísticos, quanto mais passar o tempo sem a ocorrência, mais próximos estaremos dela.