Fevereiro foi um mês de boas notícias para o setor de energia eólica: o Brasil subiu uma posição no ranking mundial do GWEC (Global Wind Energy Council); completamos 13 GWs de capacidade instalada e a CCEE anunciou um crescimento de 26,5% da geração de energia eólica em operação comercial no Sistema Interligado Nacional (SIN), em 2017, na comparação com 2016.
No caso do ranking dos dez países com mais capacidade instalada total de energia eólica, o Brasil subiu uma posição e aparece agora em oitavo na lista dos maiores países, com 12,76 GW, ultrapassando o Canadá, que está com 12,39 GW. O Brasil vem galgando posições no Ranking Mundial de Capacidade Instalada Total de Energia Eólica de forma consistente. Em 2012, nós estávamos em 15º lugar e, desde então, estamos apresentando resultados muito bons ano a ano. Ainda há espaço para subir mais algumas posições.
O GWEC também apresenta outro ranking, o de nova capacidade instalada no ano e, em 2017, o Brasil ficou em sexto lugar, tendo instalado 2,02 GW de nova capacidade em 2016. Nesta categorização, o Brasil caiu uma posição, já que o Reino Unido subiu do nono para o quarto lugar, instalando 4,27 GW de capacidade de energia eólica em 2017. Neste ranking, o que conta é o resultado específico do ano, então há bastante variação. Em 2012, por exemplo, estivemos em oitavo lugar e, em 2015, ano de instalação recorde até agora para nós, estivemos em quarto lugar. A tendência é que a gente ainda oscile mais, visto que em 2019 e 2020 nossas instalações previstas são menores porque ficamos sem leilão por quase dois anos no período 2016/2017, o que vai se refletir no resultado de 2019 e 2020.
Em relação ao crescimento de geração, a CCEE informou em fevereiro que “as usinas movidas pela força do vento somaram 4.619 MW médios entregues ao longo do ano passado frente aos 3.651 MW médios gerados no mesmo período de 2016. A representatividade da fonte eólica em relação a toda energia gerada no período pelas usinas do Sistema alcançou 7,4% em 2017”. Este é um dado muito relevante porque reflete e quantifica o que vimos ao longo de 2017, já que chegamos a abastecer 10% do país em agosto e 11% em setembro, passando pela primeira vez aos dois dígitos na matriz nacional em um mês. Além disso, chegamos a abastecer mais de 60% do Nordeste em vários momentos, na época que chamamos de “safra dos ventos”, que vai mais ou menos de junho a novembro.
Das boas notícias de fevereiro, não podemos deixar de detalhar o que significa ter chegado à marca de 13 GWs. Já são 18 parques eólicos e mais de 6.600 aerogeradores operando. O montante gerado pelas eólicas já é equivalente ao consumo médio de cerca de 24 milhões de residências por mês. Os 13 GWs de capacidade instalada de energia eólica ainda significam que o setor já gerou mais de 195 mil postos de trabalho desde seu início, com grande concentração nos últimos oito anos.
Todas estas notícias são muito importantes e merecemos comemorar, mas sem jamais perder nossa visão de futuro. Em construção ou já contratados há mais 4,8 GWs, divididos em 213 parques eólicos que serão entregues ao longo dos próximos anos, até 2023, levando o setor para próximo da marca de 19 GW. Isso significa que, em breve, toda a capacidade eólica instalada será maior que Itaipu, nossa maior hidrelétrica, que tem 14 GWs de capacidade instalada. Vale lembrar também que esses 4,8 GWs que ainda vamos instalar já foram contratados em leilões realizados. Com novos leilões, esse valor ainda vai crescer e passaremos dos 20 GWs já nos próximos anos. É para este futuro que os bons ventos estão nos levando.
Elbia Gannoum é presidente Executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)