Proteção contra descargas atmosféricas nas telecomunicações* (continuação)

EMC e proteção contra raios

Compatibilidade Eletromagnética (EMC – Electromagnetic Compatibility) pode ser definida como a capacidade de um dispositivo, unidade de equipamento ou sistema para funcionar satisfatoriamente no seu ambiente eletromagnético sem introduzir, ele próprio, perturbações eletromagnéticas intoleráveis naquele ambiente.

Para se eliminar problemas de interferência eletromagnética (EMI – Electromagnetic Interference) e obter uma configuração EMC, temos, inicialmente, que identificar a fonte de perturbação eletromagnética (o que está gerando as perturbações eletromagnéticas, que tanto pode ser interna como externa ao sistema), o mecanismo de acoplamento (como que as perturbações eletromagnéticas geradas são acopladas ao circuito) e o receptor (o circuito que está sendo afetado). Então é possível solucionar o problema trabalhando-se em um ou mais destes componentes para se reduzir o ruído acoplado.

Uma configuração EMC é assegurada com certa facilidade em uma instalação de telecomunicações exigindo que cada unidade de equipamento cumpra regras EMC, as quais abordam tanto o aspecto de emissão (o equipamento se constituindo numa fonte de perturbação eletromagnética) como de imunidade (o equipamento não sendo afetado por perturbações eletromagnéticas no ambiente). Estas regras EMC (ref.: resolução da ANATEL nº 237 – Regulamento para certificação de equipamentos de telecomunicações quanto aos aspectos de compatibilidade eletromagnética) permitem, assim, uma certa liberdade na instalação dos vários equipamentos, evitando a ocorrência de problemas de interferência eletromagnética (EMI), causados por fontes internas (unidades de equipamento) e mesmo para a maior parte das fontes externas.

Entretanto, quando as descargas atmosféricas são consideradas como fonte de perturbação EM para uma análise EMI, existem inúmeras possibilidades para o acoplamento de perturbações eletromagnéticas de grande intensidade nos circuitos eletrônicos, as quais podem causar não somente EMI, como também avarias numa dada instalação de telecomunicações, fazendo o cenário se modificar de acordo com as características da instalação e dos parâmetros da descarga.

Por estas razões, a proteção contra raios é normalmente colocada fora do domínio EMC, muito embora as mesmas técnicas se apliquem para resolver o problema.

Para a proteção de sistemas de telecomunicações contra descargas atmosféricas e seus efeitos são usadas técnicas EMC em uma base probabilística, onde o principal trabalho a ser desenvolvido reside no mecanismo de acoplamento, uma vez que normalmente não estamos aptos para modificar a fonte (as próprias descargas) nem o receptor (uma unidade de equipamento).

(continua…)

*Participação de Roberto Menna Barreto

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