A vigência da tarifa branca como “nova modalidade de cobrança” referente ao consumo de energia elétrica no Brasil, iniciada no dia 1º de janeiro de 2018, trouxe de volta uma discussão que estava “abandonada” pela falta de urgência em se ter uma solução: qual é a forma mais adequada e eficiente de promover a medição do consumo de energia?
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a medida tem o objetivo de equilibrar o consumo de energia em residências e pequenos comércios, principalmente no horário em que há “pico de consumo de energia” na rede elétrica promovida pela entrada simultânea de grandes cargas no período de 17h30 às 20h30, por exemplo. Para isso, a agência lançou um modelo de cobrança que tem preço variável, de acordo com o dia e o horário da energia consumida.
Voltando à discussão inicial, a resposta para a questão aberta é: a medida ideal para as distribuidoras se adequarem à implementação da tarifa branca é investir na automação da medição de energia elétrica e a instalação dos medidores inteligentes em seus clientes.
Em termos práticos, investir na automação significa substituir a tradicional leitura manual de consumo de energia por um sistema “inteligente, eletrônico e conectado” que promove o envio dos dados coletados pelos medidores em tempo real para os respectivos centros de medição das distribuidoras, por meio de uma comunicação interligando as duas “pontas”. Comunicação essa que é viabilizada pela tecnologia de Redes MESH, que é facilmente implantável, demanda pouco investimento, é confiável, e adaptável, pois considera várias opções para roteamento de mensagens, otimizando continuamente a sua topologia com uma readequação rápida às falhas e mudanças encontradas na rede de dados.
Ao adotar os medidores inteligentes, a distribuidora de energia terá como primeiro benefício – e mais importante de todos – a eliminação da “perda de receita”, que, geralmente, é causada pela impossibilidade de medir regularmente o consumo de energia em determinadas localidades, principalmente nas áreas rurais, nas quais há dificuldade de estar presente todos os meses para a leitura manual da medição.
As cobranças são feitas a partir de cálculo baseado no “consumo médio” dos últimos meses em que houve a medição. Além disso, quando a distribuidora não consegue realizar a medição por três meses consecutivos, a cobrança deve ser efetuada com o valor mínimo. Nestes dois cenários se configura a “perda de receita”. A partir da implantação de um sistema de automação da medição, não existe mais perda, pois o monitoramento do consumo de energia é remoto e online – algo impossível por meio da leitura de medição tradicional –, sem a necessidade da “presença física” para esta atividade. A automação da medição garante que a distribuidora faça a cobrança correta e tenha receita sem perdas.
O segundo benefício é o combate a fraudes a partir dos registros minuto a minuto de consumo e de demanda de energia disponíveis nos medidores inteligentes, possibilitando assim o levantamento do perfil de consumo, a análise e comparação que podem denotar atitudes suspeitas por parte do cliente. Consequentemente, é possível obter redução de despesas ao eliminar deslocamentos desnecessários de equipes para o trabalho de inspeção de fraudes.
A adoção das Redes MESH permite também a redução de despesas operacionais (OPEX) já que isenta as distribuidoras de mensalidades e assinaturas pagas às operadoras de telecomunicações, como acontece com as tecnologias de redes celulares 3G/4G comumente empregadas para medição remota. Inclusive, como reduzir custos é sempre ponto primordial na estratégia de negócios de qualquer empresa, este fato também é de grande importância para justificar o retorno sobre o alto valor de investimento exigido para adoção dos medidores inteligentes.
Concluindo, assim como nos demais setores da economia, no setor de energia também podemos dizer que automatizar a medição é sinônimo de aderir ao conceito de Transformação Digital, movimento este que vem se tornando obrigatório para todos os tipos de empresa que lidam com alto volume de dados de clientes e que amplia a eficiência, confiabilidade e desempenho dos dispositivos conectados.
Por Ricardo Hayashi, responsável por Produtos para Conexões Inteligentes da Atech.