O Brasil ultrapassou, no início de 2018, a marca de 1 GW de projetos de energia solar fotovoltaica conectados na matriz elétrica, o que colocou o país entre os 30 maiores produtores desta fonte no mundo.
Trata-se de um começo promissor, tendo em vista a necessidade de geração de energia que o país terá nos próximos anos, mas muito aquém da posição que deveríamos estar neste ranking. Para se ter uma ideia, o Brasil hoje já está entre os dez primeiros países do mundo em geração de energia eólica e biomassa.
Enquanto comemoramos o marco do primeiro gigawatt, a China já acumula 130 GW instalados.
O segmento de energia que mais cresce no mundo é o do solar fotovoltaico. A fonte se expandiu mais rapidamente do que qualquer outra fonte de combustível pela primeira vez, em 2016, segundo a Agência Internacional de Energia. Foram instalados 165 GW de energias renováveis naquele ano, o que representou dois terços da expansão líquida da oferta de eletricidade mundial. A energia solar cresceu 50% no período.
É admirável a evolução global da capacidade instalada desta fonte. Em apenas oito anos, de 1999 a 2007, ela cresceu dez vezes, passando de 1 GW para 10 GW. Esse feito se repetiu de forma mais célere ainda nos anos seguintes, crescendo dez vezes em apenas cinco anos, entre 2008 e 2012, ao passar de 10 GW para 100 GW. Desde, então ela continua crescendo de forma acelerada.
Figura 1 – Evolução da capacidade acumulada global de energia solar fotovoltaica desde 1992.
Foram muitos os fatores que ajudaram a expandir o mercado global, tais como: mudanças climáticas, independência energética, políticas públicas, queda no preço dos módulos fotovoltaicos etc.
Neste mercado, o custo do módulo é medido internacionalmente em wp (watt pico). Para referência, um painel fotovoltaico padrão tem cerca 260 wp de potência.
O gráfico a seguir mostra bem esta queda de preço. Em 1980, o wp custava cerca de 22 euros. Em 2014, ele tinha despencado para 0,65 euro. Uma queda impressionante de 97,05%. Hoje, este mesmo wp custa cerca de 0,27 euro. Uma queda acentuada de 58,46% em três anos.
Figura 2 – Curva dos preços dos módulos fotovoltaicos
Os custos caíram devido à evolução da tecnologia e, sobretudo, pelo desenvolvimento do mercado global, que permitiu um escalonamento da produção. Costumo dizer, em minhas palestras, que este mercado evoluiu rapidamente porque a China resolveu produzir e a Alemanha, por sua vez, resolveu comprar. Hoje, além da China também ser uma grande compradora, outros países já se destacam, como Estados Unidos, Japão e Índia.
Figura 3 – Os dez maiores países em capacidade instalada – em 2016 e total acumulada
O surgimento de novos players comprando em peso fez com que o preço do wp aumentasse ligeiramente no segundo semestre de 2017, pois a oferta não acompanhou a velocidade da demanda.
Embora esta movimentação possa ter assustado empreendedores acostumados a ver os preços dos painéis fotovoltaicos apenas na descendente, ela traz bons auspícios. Revela a robustez deste mercado em nível mundial.
De olho nisso, o Brasil solicitou a adesão à Agencia Internacional de Energia Renovável (IRENA), mais respeitado fórum internacional do setor. Atualmente, a agencia possui 152 países membros e 30 países em processo de adesão.
Esta ação foi comemorada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que recomendava esta adesão deste 2015, quando começou a participar das delegações brasileiras na COP. Segundo a associação, com esta adesão, o intercâmbio internacional será mais intenso, permitindo ao país incorporar melhores práticas internacionais e acelerar o desenvolvimento da fonte.