Edição 101 – Junho de 2014
Artigo: Dicas de instalação
Por Milena Guirão Prado*
A disponibilidade futura de minerais está baseada nos conceitos de reservas e de recursos. As reservas são os depósitos que foram descobertos, estimados e avaliados para serem economicamente rentáveis. Os recursos são muito maiores e incluem as reservas, os depósitos descobertos que são potencialmente rentáveis e os depósitos ainda não descobertos, mas que estão previstos com base em pesquisa geológica preliminar.
De acordo com o United States Geological Survey (USGS, 2013), a quantidade de reservas de cobre é de 690 milhões de toneladas e os recursos de cobre estão estimados em 3,5 bilhões de toneladas. Este último dado não leva em consideração a grande quantidade de depósitos de cobre encontrados em águas profundas e em sulfuretos maciços submarinos. As oportunidades de exploração atuais e futuras levarão a um aumento em ambas as reservas e recursos conhecidos. Do total de aproximadamente mil projetos de cobre direcionados para a exploração futura, cerca de cem já estão em construção (Intierra, 2011).
Também é importante notar que o cobre está presente naturalmente na crosta terrestre em uma concentração de 67 partes por milhão (ppm). Assim, a quantidade total de cobre em depósitos acima de 3,3 km (limite provável de futura mineração) está estimada em 300 bilhões de toneladas (Kesler, 2008).
Reservas e produção
Desde 2000 foram extraídas 180 milhões de toneladas de cobre e nesse mesmo período as reservas conhecidas aumentaram em 290 milhões de toneladas. Como resultado, as reservas/taxas de produção aumentaram de 26 para 39. De acordo com os dados da USGS, desde 1950 existem registros de que há cerca de 40 anos de reservas de cobre e mais de 200 anos de recursos restantes, refletindo desta maneira os avanços tecnológicos e a evolução econômica que a mineração vem tendo ao longo dos anos.
Uso do cobre
Com base nos estoques globais de cobre e no modelo de fluxos (recentemente desenvolvido pelo Instituto Fraunhofer), estima-se que dois terços das 550 milhões de toneladas de cobre produzidas desde 1900 ainda estão em uso produtivo (Glöser, 2013), sendo que:
- Aproximadamente 70% é utilizado em aplicações elétricas;
- Cerca de 55% é utilizado em construções, 15% em infraestrutura, 10% na indústria, 10% em transporte e 10% na fabricação de equipamentos.
Inovação em mineração e reciclagem
A tecnologia tem um papel fundamental na abordagem de muitos dos desafios enfrentados pela nova produção de cobre. A inovação liderada pela indústria do cobre irá:
- aumentar a taxa de sucesso na exploração profunda e em outras áreas mais difíceis;
- criar condições mais seguras para operar em ambientes extremos;
- reduzir o consumo de energia e de água;
- aumentar as taxas de recuperação do produto quando semielaborado para permitir que os produtores processem minérios mais complexos.
Estas e outras inovações ainda desconhecidas irão garantir que a produção de novas minas continue fornecendo os suprimentos vitais do cobre. Além disso, a reciclagem do cobre desempenha um papel importante na disponibilidade deste metal.
O cobre primário de hoje é o material reciclado de amanhã (ou cobre secundário). Atualmente, a reciclagem do cobre é de cerca de 9 milhões de toneladas, sendo gerada por meio da sucata “velha”, no qual refere-se ao cobre contido em produtos que chegam ao fim de sua vida útil, e pela sucata “nova”, no qual é formada durante os processos de produção e fabricação.
Isso significa que aproximadamente 35% do consumo anual de cobre provém de material reciclado.
O cobre é uma das poucas matérias-primas que podem ser recicladas diversas vezes sem perder o seu desempenho. Vale a pena ressaltar que as principais partes interessadas, tais como os decisores políticos, sucateiros, produtores de cobre e recicladores, devem tentar garantir que o metal seja reciclado e reutilizado.
Consequentemente, para atender à demanda futura de metais, será necessária uma combinação de matérias-primas primárias, proveniente das minas, bem como de materiais reciclados.
Enquanto isso, políticas e tecnologias inovadoras devem continuar contribuindo para a melhoria do desempenho da reciclagem e a sua eficiência de recursos.
Conclusão
O cobre é o metal mais antigo da humanidade, com mais de dez mil anos, e ainda desempenha um papel vital nas questões críticas para a sociedade. Ele contribui para a nossa alimentação e saúde, sendo fundamental para proporcionar o acesso à energia nos países em desenvolvimento, permitindo melhorias importantes na eficiência energética e no aumento das fontes de energia renováveis e reduções importantes nas emissões de CO2.
Com base no atual conhecimento sobre a disponibilidade geológica e na inovação contínua da indústria, existem boas razões para acreditar que o cobre continuará a ser um contribuinte vital e positivo para a sociedade no futuro.
Referências
- GLÖSER, Simon; SOULIER, Marcel; TERCERO ESPINOZA, Luis A. A dynamic analysis of global copper flows. Global stocks, postconsumer material flows, recycling indicators & uncertainty evaluation. In Environ. Sci. Technol. (in press) DOI: 10.1021/es400069b. Disponível em: <http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es400069b>, 2013.
- Copper statistics and information (USGS, 2013). Disponível em: <http://minerals.usgs.gov/minerals/pubs/commodity/copper/>.
- KESLER, S. E.; WILKINSON, B. Earth’s copper resources estimated from tectonic diffusion of porphyry copper deposits. Geology 36(3), p. 255-258, 2008.
- TILTON, J.; LAGOS, G. Assessing the long-run availability of copper. Resources Policy 32:19-23(2007).
- World Copper Factbook (ICSG, 2012). Disponível em: <http://www.icsg.org/index.php/publications>.
*Milena Guirão Prado é gerente de comunicação para América Latina da International Copper Association (ICA).