Edição 115 – Agosto de 2015
Espaço 5419
Por José Barbosa de Oliveira*
Os pilares da proteção contra descargas atmosféricas são a configuração do sistema estabelecida no projeto, a prática utilizada na instalação, e a especificação e a qualidade dos materiais utilizados. O descuido com um dos pilares é suficiente para comprometer o desempenho dos sistemas. Os materiais têm uma atenção especial na nova ABNT NBR 5419:2015. Ela traz mudanças significativas em relação à edição anterior, 2005.
No Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), estabelecido pela parte 3 da nova ABNT NBR 5419:2015, os materiais são compostos principalmente pelos condutores, além das fixações e conexões. Todos são dimensionados para suportar os esforços eletromecânicos gerados pela descarga atmosférica, mas o principal critério para a especificação das dimensões e características dos materiais é a resistência aos efeitos causados pelo ambiente onde serão aplicados. A corrosão causada pela composição do meio onde são aplicados, a movimentação do solo e a fusão causada pela descarga atmosférica no ponto de impacto, são alguns dos eventos que desafiam os materiais, principalmente os condutores.
As tabelas 6 e 7 da ABNT NBR 5419:2015 apresentam os materiais, a configuração e as dimensões mínimas para os captores, descidas e eletrodos de aterramento. Umas das mudanças em relação à versão anterior é a coluna de comentários, apresentando dimensões complementares, além da seção. Nela podemos obter diâmetros e espessuras para os condutores que irão permitir uma melhor seleção, orientando para uma qualidade maior.
No caso do cabo encordoado, o diâmetro dos fios que o compõem irá definir a sua formação. No mercado, temos disponíveis cabos com várias formações e quantidades de fios. Logo, ao especificar somente a seção, deixa em aberto a seleção do cabo pela quantidade de fios. No caso do cabo de cobre, para captores e descidas, a seção estabelecida na tabela 6 é de 35 mm². Na coluna de comentários, a informação complementar é o diâmetro de cada fio do cabo que deve ser de 2,5 mm. Neste caso, a formação será de sete fios. No caso do cabo de cobre como eletrodo de aterramento, a seção estabelecida na tabela 7 é de 50 mm². Na coluna de comentários, a informação complementar é o diâmetro de cada fio do cabo que deve ser de 3 mm. Aqui a formação também deverá ser de sete fios. Ou seja, a formação de 19 fios, também disponível no mercado para esse cabo, não estará de acordo com a nova norma.
Também é novidade em relação à versão anterior da norma, o percentual de tolerância máxima das dimensões dos condutores. A NBR 5419:2015 admite um erro de 5% para as dimensões dos condutores, exceto para o diâmetro dos fios dos cabos que deverá ser de 2%. No caso do cabo de cobre de 50mm² como eletrodo de aterramento, o fio deverá ter no mínimo 2,94 mm de diâmetro.
A nova versão acrescentou os condutores em aço cobreado e alumínio cobreado, já disponíveis no mercado há algum tempo, mas sem especificação para utilização no SPDA. Nas duas tabelas, eles têm a mesma seção dos seus equivalentes do material da alma. O cabo de aço cobreado tem a mesma seção do aço galvanizado a quente e o alumínio cobreado, a mesma seção do alumínio. Além da seção, os cabos cobreados têm a especificação da condutibilidade mínima em IACS (International Annealed Copper Standart). No caso do aço cobreado, a condutividade mínima deverá ser de 30% IACS e, no caso do alumínio cobreado, deverá ser no mínimo 64% IACS.
A simplificação e a unificação da tabela de captores e descidas foram possíveis pela exclusão da opção de seções menores para condutores de descidas, com comprimento menor do que 20 metros. A exclusão, em uma primeira análise, poderia aumentar o custo da solução. Porém, a simplificação promove a integração dos componentes dos captores e descidas, minimizando possíveis sobras de condutores, conectores e fixadores.
A IEC 62305 utilizada como referência para a revisão não permite a utilização de seção menor que 50 mm² para nenhum tipo de material. Por exemplo, no caso do cabo de cobre como captor, a seção mínima estabelecida pela IEC é de 50 mm². Essa é uma das diferenças entre a nova ABNT NBR 5419 e a IEC. Os condutores em cobre como captor têm uma seção menor, como a versão anterior da 5419.
As tabelas 6 e 7 da ABNT NBR 5419:2015 apresentam um avanço na especificação dos condutores. Como há uma norma que estabelece os parâmetros para os condutores para SPDA e a diversificação dos tipos de condutores disponíveis no mercado, o detalhamento maior permite uma clareza no dimensionamento. Orientará mais objetivamente os trabalhos de inspeção quando da verificação da conformidade dos condutores.
*José Barbosa de Oliveira é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.