Apesar de a norma NBR 5419 de 2005 ter pulado de 42 páginas para quase 400 em 2015, isso não garante que o assunto de PDA tenha sido esgotado; pelo contrário, a cada cinco anos, aproximadamente, as normas deverão ser revisadas e corrigidos eventuais erros ou incorporadas novas práticas de engenharia reconhecidas internacionalmente.
Gostaria de lembrar uma frase: “Toda solução gera um novo problema”, e isso na engenharia é muito comum. Você resolve um problema e logo em seguida aparecem dois ou três advindos da solução do primeiro.
Por vezes, sou questionado por alunos dos cursos sobre a abrangência desta norma. É extremamente difícil estabelecer os limites da proteção para edificações especiais, estratégicas, perigosas etc. É impossível estabelecer o tipo de edificação que deverá ser protegida ou excluída da norma, porém, existem algumas diretrizes básicas que a norma estabelece na parte 1, transcrita abaixo:
- Proteção de edificações subterrâneas
- Proteção de árvores
- Proteção de embarcações
- Proteção Off Shore
- Proteção de indústrias estratégicas
- Proteção de Edificações Nucleares
Pelo fato da norma NBR 5419/2015 ser uma norma de aplicação de critérios de engenharia e não uma norma de produto, ela, no sentido de ajudar o projetista, referencia algumas outras normas que podem ajudá-lo a entender melhor o fenômeno ou a tomar decisões técnicas específicas. Veja trecho da norma na figura acima.
E eu ainda complementaria com mais algumas, tais como:
NBR7117 – Prospecção do solo e estratificação do solo em camadas
NBR6524 – Fabricação de cabos e fios de cobre
NBR 15749 – Métodos para Medição de resistência de aterramento
NBR16785 – Sistemas de alerta e proteção em áreas abertas.
Muitas vezes, o feeling e a experiência acumuladas e associações com outros casos parecidos ocorridos no passado podem ser excelentes ferramentas de auxílio. Um caso que ocorreu comigo mais de uma vez é o do Gerenciamento de risco. Muitas vezes, as informações necessárias para se fazer uma boa avaliação de risco e determinar uma boa solução técnica, passam pelas informações que o cliente deveria nos fornecer, mas nem sempre ele tem ou pode transmiti-las. Uma possibilidade é usar as informações mais restritivas a favor da segurança, para depois ir refinando o GR.
Outra situação com a qual me deparei foi o caso da implantação de um condomínio de 60 prédios idênticos. Ao fazer o GR de um prédio, reparei que este deu como não sendo necessária a proteção, porém, fazendo uma análise mais crítica, notei que a área de implantação desses prédios estava dando em torno de meio quilometro quadrado.
A densidade de descargas nessa região estava dando oito raios/ano/km2, o que equivale dizer que, estatisticamente falando, nessa área de ½ km2, cairão aproximadamente quatro raios por ano. A grande pergunta é a seguinte: quais serão os quatro possíveis prédios que a cada ano, possivelmente, serão atingidos?
A minha sugestão para abordar este problema seria a seguinte: se você for demandado para avaliar um prédio especificamente (depois de habitado), então, deverá fazer o GR com os dados somente dessa edificação.
Se você for abordado na época da implantação do empreendimento, deverá usar a abordagem que mencionei acima usando os dados da área total e, neste caso, sugerir que todos os prédios sejam protegidos pelo nível de proteção IV, a menos que dê um nível mais restritivo.
Outras situações esporádicas são o trabalho em áreas abertas. O procedimento conforme estabelecido na NBR 16785 é a instalação de um aviso de tempestades e a retirada das pessoas das áreas abertas. Porém, existem outras situações onde a parada pode trazer prejuízos muito grandes e onde a retirada das pessoas dessas áreas pode ser muito demorada. Neste caso, é possível reduzir o número de pessoas expostas ao mínimo possível, determinar os locais menos perigosos (zonas), determinar caminhos mais seguros ou criar proteções provisórias e temporárias para que essas pessoas possam se abrigar em locais seguros sem que sejam deslocadas do local de trabalho.
É também interessante analisar se esse serviço é temporário ou definitivo, pois as medidas e os custos poderão variar em função do tipo de serviço.
Certa vez, fomos contratados para proteger uma base de lançamento de foguetes espaciais. Usamos as ferramentas da norma e conseguimos apresentar uma solução exequível. Anos depois, em um seminário internacional, foi apresentado um case idêntico ao nosso. A solução apresentada foi muito parecida com a nossa, o que me deixou feliz, pois validou o nosso conhecimento sobre PDA, mesmo não havendo norma brasileira sobre esse assunto.
Resumindo, novas situações que não estejam contempladas explicitamente na norma NBR 5419 poderão ser obtidas em outras normas complementares, experiência acumulada ou buscando novas fontes de informação. Muitas vezes, quando você precisa de uma informação específica, talvez o melhor caminho seja comprar esse conhecimento de quem sabe, através da contratação de uma consultoria direcionada, e com isso, aumentar a sua experiência e aprendizado sobre determinado assunto.
*Normando V. B. Alves é engenheiro e diretor de Engenharia da Termotécnica Ind. Com. Ltda.
Respostas de 2
Parabéns pela publicação, texto confortável de se ler.
Oque ocorre é que temos muitos profissionais despreparados e se quer querem estudar a norma,não querem perder tempo em fazer um gerenciamento de riscos pois o mercado não compra a ideia,então eles vão pelo caminho mais rápido,já vi alguns projetos que sem estudo Ou sem nenhuma avaliação o profissional apenas indicou a instalação de um DPs.