Barramentos blindados – “Largados e pelados”

Parafraseando a série do Discovery Channel, gostaria de abordar um assunto bastante importante relacionado aos barramentos blindados de baixa tensão: instalação.

Com o crescente aumento na aplicação de linhas elétricas pré-fabricadas nos últimos 15 anos – os famosos barramentos blindados ou busways –, inúmeras experiências bem e malsucedidas de instalação desses equipamentos contribuíram para a publicação pela ABNT, em dezembro de 2011, e vigente desde janeiro de 2012, da norma brasileira  ABNT NBR 16019:2011, intitulada de “Linhas elétricas pré-fabricadas (barramentos blindados) de baixa tensão – Requisitos para instalação”. Esta norma é complementar à ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão e tem o objetivo de especificar os requisitos para a instalação de linhas elétricas de baixa tensão pré-fabricadas.

O leitor deve estar se perguntando: onde está a correlação entre a instalação de barramentos blindados com a série de TV citada no título deste artigo? Respondo com simplicidade, pois esta é a forma como eu analiso a realidade de muitas das instalações elétricas com barramentos blindados, ou seja, os barramentos são “largados e pelados” à sua própria sorte enquanto a construção civil avança durante o período de obras.

Muitas distribuidoras de energia que permitem a instalação de barramentos blindados para distribuição de energia não medida em edifícios comerciais ou residenciais, aplicados em sistemas de medição eletrônica, viram-se obrigadas a exigir os produtos com grau de proteção mais elevado (abandono do IP 31 e migração para o grau de proteção mínimo IP 54) não por conta da funcionalidade do produto, mas por conta dos vícios e defeitos decerto produzidos durante o período de armazenagem e instalação no canteiro de obras. Entre os defeitos, podemos citar: penetração de poeira, cascalho, entulho, ampla sorte de limalha ou cavaco de metais, penetração de líquidos como água da chuva, vazamentos de água limpa de diversas fontes, água suja de várias origens (lavagem do canteiro, lavagem dos andares com drenagem pelas prumadas, etc.), urina e fezes de animais (surpreendentemente inclui-se nesta lista o “bicho homem”), entre outros.

As distribuidoras têm empreendido grandes esforços para regulamentar os fabricantes dos barramentos blindados, incluindo aprimoramento dos métodos de cálculo dos fatores de queda de tensão, os famosos fatores “K” (que relacionam a queda de tensão concatenada nas linhas por V/m.A.10¯ ³), visando isonomia de condições entre as diversas tecnologias de construção dos barramentos blindados, mas a vida útil dos barramentos blindados depende substancialmente da qualidade dos serviços de instalação, adequado armazenamento no canteiro de obras, observação de todas as recomendações técnicas dos fabricantes quanto à suportação, manuseio, preservação, aperto dos parafusos das emendas ou junções, etc.

Algumas distribuidoras têm trilhado o caminho da homologação de instaladores, ou seja, uma qualificação de empresas e profissionais para habilitá-los a instalar sistemas de distribuição de energia não medida com uso de barramentos blindados com o objetivo de fiscalizar as instalações durante sua execução; outras distribuidoras têm, por sua vez, exigido que os fabricantes de barramentos blindados autorizem instaladores para seus produtos, vinculando a homologação dos produtos juntamente com a mão de obra de instalação, uma boa iniciativa do ponto de vista técnico e administrativo, mas que cria um descompasso mercadológico, pois limita a quantidade de empresas autorizadas a instalar os produtos gerando represamento da demanda pelo serviço.

Bom, elencadas algumas soluções propostas, certo de que tantas outras podem vir quando chamamos os leitores para debruçarem-se sobre um problema, finalizo este artigo esperançoso de que o mercado esteja realmente em reação, mas, sobretudo, que, um dia, normas técnicas sejam realmente um referencial da boa técnica ou patamar mínimo de qualidade e exigência para produtos e serviços. Será utopia? Quem viver, verá.

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