Barramentos na medição eletrônica

Edição 59 – Dezembro/2010
Por Grasiele Maia

Norma que deve padronizar uso de barramentos em prumadas de medição eletrônica está em andamento e deve ir a consulta pública no início de 2011.

Está em estudo uma nova norma para o uso de barramentos em prumadas para a medição eletrônica de edifícios. Os barramentos, que foram inicialmente projetados para a utilização na indústria automobilística por serem flexíveis durante a instalação, tinham o objetivo de distribuir energia e facilitar a montagem e a desmontagem, substituindo os fios e cabos que dificultavam as constantes trocas, além do alto custo. No setor elétrico, o barramento tomou o mesmo caminho, inclusive na medição eletrônica de edifícios residenciais, em substituição aos cabos.

Os primeiros prédios a utilizarem barramentos blindados foram atendidos pela AES Eletropaulo em 1997, na cidade de São Paulo (SP). Isso foi possível mediante convênio formado por três fabricantes de barramentos blindados homologadas pela concessionária e cinco construtoras: Cyrela, Inpar, Tecnisa, Tecnicorp e Franchini.

Durante a implantação do projeto, o técnico especialista em sistema elétrico da AES Eletropaulo, Valdivino Carvalho, conta que, entre os benefícios do novo sistema estavam a facilidade da instalação em diversas configurações, pois os elementos modulares dos barramentos ofereciam rapidez e agilidade. “Por serem elementos de ‘plug-in’, os barramentos permitem conexão rápida e tem 100% de aproveitamento do material, ao contrário dos cabos que são fornecidos em rolos”, explica.

Em sua opinião, a utilização de cabos dificulta a instalação na medida em que é necessário aumentar o número de unidades: “Citando um flat como exemplo, que tem às vezes 16 unidades por pavimento e mais de 20 pavimentos, tendo dois cabos por unidades, teremos de lançar 2 x 16 x 20 = 640 cabos na prumada. O barramento blindado, por sua vez, é uma prumada coletiva, com apenas quatro condutores (L1, L2, L3 e N), com as derivações nos andares, ocupando, dessa forma, muito menos espaço”, justifica Carvalho.

O consultor técnico sênior em normalização e certificação da Schneider, Luis Rosendo Tost Gomez, também aponta a facilidade de instalação dos barramentos, mas pontua algumas questões quando o assunto é instalação, armazenamento e localização: “Os fabricantes fornecem junto com seus barramentos os seus manuais de armazenamento, manuseio e instalação, porém, quando o eletricista, sobretudo da construção civil, executa a montagem não observa estes procedimentos e, via de regra, os fabricantes são chamados a resolver problemas de montagem. Existem casos ainda piores, em que no mesmo espaço da construção são instalados diferentes tipos de linhas, por exemplo, linhas de água e de esgoto”.

É daí que, segundo ele, surgiu a necessidade de se elaborar uma norma de instalações dos sistemas de barramentos blindados que está sendo estudada na Comissão de Estudos CE 3:17.2 da ABNT. Rosendo ressalta ainda que há distribuidoras de energia elétrica que estão impulsionando a utilização dos sistemas de barramentos blindados para a medição eletrônica descentralizada em prédios de apartamentos, em detrimento do uso dos cabos. “Essa decisão sobre a escolha do uso dos barramentos, segundo informações, é pelo fato de que os barramentos de cobre ou de alumínio são envoltos por um invólucro metálico que impossibilita o furto de energia, pois o acesso aos condutores é dificultado”, revela.

As razões técnicas expostas e o aumento do uso dos barramentos como componentes de prumadas em edificações motivaram a elaboração de uma norma técnica para sua utilização. Conforme explica o consultor de tecnologia do sindicato da indústria de condutores elétricos, trefilação e laminação de metais não ferrosos do Estado de São Paulo (Sindicel) e superintendente da associação certificadora de instalações elétricas (Certiel), Eduardo Daniel, veio à tona uma lacuna na atual ABNT NBR 5410 que previa essa utilização, mas não descrevia todos os requisitos de instalação em detalhes. “A partir dessa demanda da comunidade técnica, foi decisão da CE 3:64:01, comissão responsável pela norma ABNT NBR 5410, que fosse elaborada uma norma à parte, tratando da instalação de prumadas, que podem ser construídas em cabos ou barramentos”, conta. Foi formado então um grupo de trabalho (GT), no âmbito da CE 3:64:01, responsável pela elaboração do texto-base e a participação foi representativa, envolvendo projetistas, instaladores, fabricantes de cabos e de barramentos e as seguintes distribuidoras de energia elétrica: AES Eletropaulo, CEB, Light, CEEE e Energisa. A aprovação final pelo GT foi feita em abril de 2010.

O primeiro texto elaborado pelo GT levou nove meses para ficar pronto e é baseado em uma norma francesa (NF C14-100:2008), mais abrangente do que o escopo autorizado pelo GT, mas que forneceu as bases conceituais e práticas para o trabalho. No segundo momento, foi utilizada a especificação da AES Eletropaulo, que tratava de aspectos de projeto e de instalação de barramentos blindados utilizando sistemas de medição com o consumidor e leitura centralizada. O texto-base apresentado na plenária da CE 3:64:01 abordou a instalação de cabos e barramentos blindados, fazendo referência à norma ABNT NBR 5410 quando necessário, mas deixava de fora detalhes do sistema de medição. Principalmente para o caso dos barramentos blindados, o texto descrevia requisitos importantes para a instalação correta nas edificações, respeitando os espaços construtivos e interfaces com outros sistemas.

Ocorre que a comissão responsável pela ABNT NBR 5410 julgou necessário elaborar uma norma específica para barramentos e que seria mais adequado remeter o projeto de norma elaborado para a CE 3:17.02 – Conjunto de manobras e controle de baixa tensão, responsável pelas normas de linhas pré-fabricadas (barramentos blindados).

O texto para a norma específica de barramentos em prumadas para medição segue em andamento nesta comissão. A previsão é que o texto final da norma seja enviado para consulta nacional no início de 2011.

 

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