Uma característica do hábito de vida de homem nos últimos anos é ser multitarefa, desenvolvendo diversas atividades a todo momento. Pensem no dia a dia de vocês e imaginem o que acontece quando não conseguimos fazer o que queremos por algum tipo de impedimento. Vamos exemplificar para ficar mais claro.
Você está em casa querendo jogar videogame com seu filho e o brinquedo não funciona, ou então, querendo assistir ao jogo do seu time favorito e a televisão não liga. No trabalho, você está em uma reunião fazendo uma apresentação para o cliente, e o projetor apaga, ou então, na hora de ir embora da empresa, e o elevador do prédio não chega. Ainda há outras situações mais críticas em que você pode estar no hospital, dependendo de toda uma infraestrutura de equipamentos, e eles não funcionam.
O que eu quero dizer com isso? Todos esses exemplos possuem relação com a energia elétrica, e se ela não está disponível, a nossa vida é muito impactada, tendo em vista que atualmente, temos uma grande dependência de equipamentos que utilizam energia elétrica para o seu funcionamento.
E como se comporta a continuidade do fornecimento de energia elétrica? A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) controla os indicadores de qualidade de energia elétrica de todo o País. O tempo médio em que um cidadão brasileiro fica sem energia elétrica no ano é de aproximadamente 12 horas (720 minutos).
Com o ritmo de vida que temos hoje em dia, 12 horas sem energia elétrica causa um grande impacto em nossas rotinas, sem contar as consequências que esse tempo de interrupção pode causar, como por exemplo, a venda para o cliente que você não conseguiu fazer, a aula importante que as crianças perderam, ou ainda, o paciente do hospital que não pôde ser submetido a uma um cirurgia de emergência. Esses são apenas alguns exemplos de uma diversidade muito grande de situações que podem ocorrer pela falta de energia elétrica.
E quais saídas existem para contornar problemas como esse? Uma alternativa é a redução da dependência do sistema elétrico fornecido pela distribuidora de energia. O Brasil fechou o ano de 2019 com pouco mais de 170 mil unidades consumidoras providas com geração própria. Isso não quer dizer que essas unidades sejam independentes do sistema elétrico, pois, em geral, esses sistemas não são capazes de prover energia 24 horas por dia com elevado nível de confiabilidade, porém, torna-se um recurso adicional.
Com o passar do tempo, esses sistemas podem evoluir para tornarem-se mais autônomos, porém, será muito difícil chegar um momento em que não haja dependência nenhuma do sistema elétrico.
Por exemplo, em janeiro deste ano, a cidade alemã de Bordesholm usou suas fontes locais de geração e armazenamento de energia e se desconectou totalmente do sistema elétrico nacional; contudo, apenas durante uma hora. Essa foi uma demonstração do que é possível evoluir tecnologicamente, mas ainda estamos muito distantes de pensar que haverá independência da rede em grande escala.
Se ainda dependemos da conexão com o sistema elétrico, então, o que é possível ser feito em termos de melhoria da sua confiabilidade? Neste ponto, as redes subterrâneas entram em cena. Elas estão protegidas dos fatores que mais causam as interrupções, que são os ventos, as chuvas, a interferência das árvores, o abalroamento de poste em acidentes de trânsito, dentre outros.
No site da Aneel estão disponíveis os tempos de interrupção dos conjuntos elétricos de cada distribuidora. Observando os conjuntos elétricos dos circuitos subterrâneos, das distribuidoras que dispõem desse sistema, observamos que os tempos anuais de interrupção são menores do que uma hora. Portanto, a diferença na qualidade do fornecimento de energia elétrica é muito grande nas redes subterrâneas. O custo mais elevado de construção dessa rede – o que ocorre uma única vez na sua implantação – certamente seria compensado pelas despesas recorrentes com a improdutividade causada pela falta de energia.
Está na hora de a Aneel dedicar foco neste tema para contribuir com o desenvolvimento do País, que está cada vez mais dependente da energia elétrica em todos os âmbitos da vida.