No contexto atual da transição energética, tendo a energia solar e a eólica como fontes alternativas de energia mais baratas e também uma pressão para a manutenção dos menores preços da energia em períodos de escassez hídrica, as formulações e execução de políticas tarifárias tornam-se mais desafiadoras.
Para uma adequada prestação dos serviços públicos de energia elétrica – geração, transmissão e distribuição – ela deve ser remunerada por meio de preços ou tarifas que viabilizem o serviço adequado, com qualidade, a preços módicos e que criem incentivos para uma prestação de serviço eficiente.
O cálculo tarifário deve considerar fatores referentes à infraestrutura, fatores econômicos, bem como às políticas públicas correlatas que justifiquem a definição de incentivos à modicidade tarifária e à eficiência alocativa, com a adequada sinalização ao mercado.
Tais exigências, que se fazem presentes na formulação e na execução de uma política tarifária para o setor elétrico, parecem ainda mais desafiadoras hoje, em um contexto de transição energética em que a capacidade do sistema elétrico nacional de fornecer energia barata é pressionada por eventos climáticos extremos. Junto com esse fenômeno, tem-se a maior digitalização de subestações, usinas e redes de energia, uso de inteligência artificial, expansão de geração descentralizada de energia, exigência da expansão das redes de transmissão, descarbonização da indústria, transição energética e ESG, eletrificação de veículos e a produção de hidrogênio verde. Com isso, sugerem novos modelos de negócio, mas também impõem mudanças que podem impactar a tarifa e sua capacidade de refletir adequadamente os custos de operação de um sistema complexo.
E ainda, na discussão crescente pela transição energética justa de forma gradual, responsável e crescente, que seja boa para o planeta e justa para a sociedade, há a necessidade de expansão dos investimentos em novas energias, mas sem abrir mão, de uma hora para outra, das fontes existes.
A necessidade de oferta de combustíveis renováveis e de projetos de fontes de energia renovável, preparando o futuro de baixo carbono, a busca por fontes energéticas que sejam, ao mesmo tempo, eficientes e com baixo impacto de carbono, para garantir que essa energia não tenha um custo alto demais para o planeta, é urgente.
Mas na necessidade de termos a transição justa, o Brasil ainda possui propostas para a modernização do setor elétrico de uma forma abrangente e que ensejarão a necessidade de atualização do modelo de tarifa.
Quando olhamos a transição energética rumo a uma economia de carbono zero, vemos que por um lado temos que dobrar a oferta de energia para acompanhar a evolução do consumo. Por outro lado, as empresas permanecem pressionadas por mais competitividade, mais rentabilidade e mais sustentabilidade. Então, temos uma dicotomia entre avanços tecnológicos, rentabilidade e competitividade.
As empresas que se propõe a implantar um sistema de gestão de ativos, que avalia todo o ciclo de vida de seus ativos, que tem início na captação de novos projetos, necessidades da companhia, que abrange todo o ciclo da vida operacional e que possuem ativos em operação, possuem vantagens frente ao clássico processo de operação e manutenção. Como o desafio está na manutenção operacional destes ativos, extraindo valor em longo prazo, seria imprudente negligenciar a importância destes ativos na economia, sendo necessária práticas cada vez mais assertivas para geri-los, com uma avaliação sistêmica.
O Asset Management promove e implanta uma cultura de investimentos objetivando que o ciclo de vida dos ativos seja considerado integralmente, e neste momento, todas as áreas envolvidas no ciclo de vida se veem responsáveis por ponderar a continuidade de tecnologias existentes, a extração de valor, as novas tecnologias emergentes e o sucesso da companhia em longo prazo. Assim, a Gestão de Ativos vem como uma alternativa para a tomada de decisão de melhor alocação de recursos e contribuição de melhoria no serviço adequado, com qualidade, desempenho, custos a preços módicos e serviço eficiente.
Sobre a autora:
Lílian Ferreira Queiroz é engenheira eletricista, Membro do Cigré e especialista em confiabilidade e gestão de ativos. Atualmente, é superintendente de Gestão da Manutenção na Eletrobras Eletronorte.