As correntes da descarga atmosférica devem ser conduzidas desde a captação até o eletrodo de aterramento de forma adequada, sem provocar centelhamento perigoso e com o mínimo de indução possível ao interior da estrutura. Um subsistema de descida bem projetado e instalado deve ser responsável por essa função. As exigências estabelecidas pela ABNT NBR 5419-3 para esse subsistema visam controlar os níveis de tensão gerados ao longo da proteção.
A ABNT NBR 5419-3 mostra na Tabela 1 as quantidades necessárias para distribuir as correntes relacionadas ao nível de proteção e ao perímetro da estrutura.
É importante notar que há uma tolerância máxima de 20% para aplicação dos espaçamentos entre os condutores de descida, ou seja, os valores da tabela não são máximos, mas médios. Tomemos como exemplo o nível 1, se somarmos os valores de todos os espaçamentos adotados na distribuição dos condutores e dividirmos pela quantidade de espaçamentos, o resultado dessa operação não poderá ser maior que 10, logo, alguns espaçamentos poderão ser maiores que 10 e outros serão menores que 10 para que o valor médio se mantenha. Mas os valores maiores do que 10 tem um limite. No nosso exemplo esse valor seria 12.
O subsistema de descida não é composto somente pelos condutores verticais. Ele também recebe condutores na horizontal, anéis intermediários de interligação. Esses anéis têm a função principal de redistribuir a corrente da descarga atmosférica, reduzindo os potenciais gerados e, eventualmente, para estruturas acima de 60 m, complementar a função da captação relacionada às descargas laterais. Esses anéis tinham um espaçamento fixo de 20 m na ABNT NBR 5419:2005, já na versão de 2015 esses valores variam de acordo com o nível de proteção. A distância máxima entre os anéis, sendo o primeiro o do aterramento, não poderá ultrapassar os valores estabelecidos na tabela 1, assim a distância entre os anéis intermediários é a mesma utilizada para os condutores de descida.
Outros detalhes relacionados aos condutores de descida:
– Não há obrigatoriedade da existência de proteção mecânica (eletroduto de PVC ou metálico) dos condutores de descida;
– O espaçamento entre a fixação dos condutores deve ser de, no máximo, 1,5 m;
– As distâncias entre os condutores de descida, portas, janelas e elementos que não possam sofrer com centelhamento perigoso devem ser calculadas utilizando o conceito da distância de segurança (s);
– Observar a preferência pelos cantos da estrutura na instalação dos condutores de descida;
– Não são permitidas emendas nos cabos em condutores de descida; e
– Há a necessidade de um conector de ensaio, onde é realizada a desconexão dos subsistemas de captação e descida em relação ao subsistema de aterramento, para possibilitar o seu ensaio de continuidade elétrica.
Essas prescrições devem ser consideradas para o SPDA externo não natural, aquele que não utiliza as armaduras de aço da estrutura como elemento natural de descida.
Autor:
Por Jobson Modena, engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br