Objetivo do Artigo deste Tema
Embora os disjuntores de média e alta tensão sejam muito utilizados, poucos os conhecem devidamente.
Não é objetivo desta coluna dar um curso sobre disjuntores, isto pode ser obtido no treinamento de subestações da EngePower.
Nesta e nas próximas colunas farei uma abordagem de forma a esclarecer esses principais pontos menos conhecidos.
Vamos começar com o tema TRV
O que é a TRV?
A tensão de restabelecimento transitória (TRT, ou em inglês TRV – Transient Recovery Voltage) é definida como sendo a diferença da tensão entre os pólos de uma mesma fase de um disjuntor, medidas entre cada pólo (fase) e a terra, após a extinção do arco elétrico no interior de sua câmara.
Para que a interrupção da corrente da falta tenha sucesso, as suportabilidades térmica e dielétrica calculadas para o disjuntor não devem superar àquelas especificadas/normatizadas para o disjuntor, caso contrário a falta será restabelecida (restrike ou reacendimento).
Considere a Fig. 1 seguinte.
Fig. 1 – Definição da TRV.
A TRV é a tensão U12.
PROCESSO DE INTERRUPÇÃO DA FALTA E APARECIMENTO DA TRV
No processo de interrupção da falta, após a extinção do arco, enquanto os contatos do disjuntor ainda estão próximos um do outro, é necessário que o resfriamento do interior da câmara do disjuntor seja mais rápido que o crescimento da TRT enquanto que, quando os contatos do disjuntor já estão mais afastados um do outro, a suportabilidade dielétrica do meio de extinção deve ser superior aos valores instantâneos atingidos pela TRT.
Portanto, a taxa de crescimento e o pico são os parâmetros que caracterizam a severidade da TRT.
Fig.2 – Parâmetros que caracterizam a TRV: Amplitude e Taxa de Crescimento.
Dedução do valor da TRV para frequência única
Considere a Fig 3 seguinte.
Fig.3 – Circuito usado para determinar a magnitude da TRV.
Com base no circuito da Fig 3, onde a tensão (e) da fonte é dada por Vmáx.cos(wt). Considere a falta franca (sem impedância) aplicada na saída do disjuntor, despreze a resistência da fonte e a fonte solidamente aterrada. Aplicando-se a Lei de Kirchoff das Tensões fica:
A tensão que aparece nos terminais do disjuntor é igual à tensão no capacitor.
Aplicando transformada de Laplace na equação acima, obtém-se:
Isolando-se I(s), chega-se a:
A frequência da fonte é w, porém como ω2 = 1/LC, a equação da TRV pode ser reescrita como segue:
As tabelas de anti-transformada de Laplace indicam que:
Aplicando na equação da TRV, obtém-se:
Como ω0 >> ω e
TRV=Vmáx1-cos0t
O valor máximo da TRV será:
TRV=2Vmáx
Sobre o autor:
Cláudio Mardegan é CEO da EngePower Engenharia, Membro Sênior do IEEE, Membro do Cigrè | claudio.mardegan@engepower.com