O eclipse total do sol, que aconteceu na última segunda-feira (08), promoveu um espetáculo no céu, mas teve impacto no setor elétrico. O Electric Reliability Council of Texas (ERCOT), operador do sistema elétrico do Texas, registrou uma queda na geração de energia solar de 13,6 GW, por volta do meio-dia, para 0,8 GW às 13h30 (horário local). Na região central do país, controlada pelo Midcontinent Independent System Operator (MISO), a geração caiu de cerca de 4 GW para 0,3 GW durante a ocorrência do fenômeno. Consequentemente, houve um pico no preço da energia.
Nos EUA, há diferentes modelos de mercado de energia, a depender da região. Boa parte dos estados conta com um modelo aberto, com preços horários. Na região do ERCOT, um dos principais mercados do país, o preço da energia saltou de pouco mais de US$ 20,00 para quase US$ 870,00 por MWh durante o eclipse – a maior variação de preços da história. Em dias ensolarados, essa fonte renovável chega a atender quase 30% da demanda texana. Já no MISO, em que a participação da energia solar é menor, o aumento foi de cerca de US$ 20,00 para aproximadamente US$ 120,00.
“O fenômeno foi previsto, estudado e estava sendo acompanhado de perto pelos operadores; ainda assim há impactos importantes, que trazem aprendizado para todos os países que buscam a transição energética”, destaca Caetano Mancini, meteorologista da Tempo OK especialista no setor de energia. “Um deles é a importância da precisão das informações, porque as redes elétricas estão ficando mais complexas e a inteligência de dados é imprescindível”, explica Mancini. “Outro ponto a ser destacado é a segurança e a resiliência dos sistemas; os eventos de estresse podem ser causados por muitos fatores e o Brasil ainda precisa evoluir em temas como baterias e outros serviços ancilares para se preparar para um futuro com maior participação de fontes renováveis intermitentes e cargas móveis”, sintetiza o especialista.
Para compensar a queda na geração solar, o sistema elétrico norte-americano contou com outras fontes de energia. As termelétricas a gás natural e carvão cumpriram parte deste papel, mas as renováveis tiveram participação importante, como a eólica que, no Texas, chegou a gerar quase 7 GW no auge do fenômeno. As baterias também contribuíram: elas ampliaram em 1,4 GW a injeção de energia na rede durante o eclipse.