Edição 81 – Outubro de 2012
Por José Starosta
Acompanhamos, no último mês de setembro, o anúncio oficial feito pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, notícia muito esperada pelos setores produtivos do nosso país: a redução dos custos da energia elétrica para 2013.
De uma forma geral, parte da redução será possível graças a uma negociação dos custos com a renovação dos contratos de concessão das geradoras, outra parte pela redução dos impostos e de outras taxas incidentes na própria conta de energia, além de outra parte a ser absorvida pelo tesouro nacional. Independentemente do modelo adotado e de quanto esta mudança custará aos cofres públicos (estimam-se valores superiores a R$ 20 bilhões), a redução é muito bem-vinda, afinal de contas, o Brasil tem uma das energias mais caras do mundo, apesar de as fontes renováveis representarem 75% do total da energia elétrica gerada. A desoneração dos custos de produção é fundamental para o crescimento industrial.
De qualquer maneira, os descontos apresentados em função do grupo tarifário não mudarão as necessidades e os cuidados das empresas quanto ao custo da energia, uma vez que a competitividade industrial e outros processos obrigam estas empresas a também reduzirem seus custos de produção, na qual a despesa com energia elétrica (e água) é bastante representativa. Estas despesas junto com a folha de pagamento são as mais significativas na maioria das empresas.
O objetivo a ser atingido para uma economia forte deve também considerar o aumento da produtividade em todos os processos (e todos os setores). De forma direta e óbvia, as empresas serão tão mais competitivas quanto melhor forem os seus indicadores de produtividade. Nossa realidade não nos permite espaço para desperdícios.
O aspecto de sustentabilidade das empresas é também um fator importante no desenvolvimento de seus negócios. Assim, como a eficiência energética tem um forte vínculo ambiental, sua prática é exigida em um ambiente moderno de relação empresarial.
Neste cenário, a eficiência energética surge também como uma ferramenta de incremento de competitividade com soluções originais que fomentam a redução dos desperdícios e outros benefícios inerentes às instalações modernizadas, de acordo com as novas tecnologias decorrentes destes projetos de eficiência energética, como redução de paradas de produção, aumentos de confiabilidade, redução de consumo de insumos, incluindo água, especialização de mão de obra e aumento da qualidade do produto final. Implantação de projetos multidisciplinares, não só focados em energia elétrica, mas de outras fontes são outras oportunidades para novos ganhos. Políticas públicas e privadas devem ser implantadas visando a alavancagem dos projetos de eficiência energética.
O que se espera é que esta redução de custo da energia não incorra em aumento do consumo de energia sem a contrapartida de pelo menos o aumento do PIB, em outras palavras, espera-se que este gesto seja entendido como uma legítima oportunidade de redução de custos e de despesas (no caso de consumidores residenciais). Os órgãos de gestão deverão acompanhar este comportamento, sob o risco de a oferta não atender à demanda, pondo em risco a confiabilidade do fornecimento. Na mesma linha de raciocínio, não se espera que fontes mais caras e/ou não limpas venham a aumentar a participação na matriz energética. Enfim, temos de objetivar uma espiral positiva de acontecimentos advindos de ações integradas que garantam o crescimento sustentado das empresas, da economia e do país.
Projetos de eficiência energética devem ser concebidos com perenidade e relacionados aos aspectos estruturais das empresas, proposta, inclusive, da recém-lançada ISO 50001.
A Abesco reforça seu posicionamento de fazer mais com menos energia e de continuar a busca por menores custos advindos de reduções de preços e de desperdícios de energia elétrica. Tais ações devem ser integradas e são de extrema importância para o futuro pujante do país.
*Contribuiu a equipe técnica da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco).