Edição 114 – Julho 2015
Por João José Barrico de Souza
“Em um município a 90 km de Belém (PA), um pedreiro que estava no telhado de uma casa enroscou-se na fiação elétrica. Um outro homem foi ajuda-lo e sofreu uma descarga elétrica tão forte que foi arremessado do telhado de uma altura de oito metros”.
Os choques elétricos acontecem basicamente por dois tipos de contatos, os indiretos, que ocorrem quando as instalações ou equipamentos ficam energizados, “dão choque”, por causa de defeitos, ou então por contatos diretos, que são aqueles que ocorrem quando as pessoas tocam em partes das instalações que foram feitas para ficarem energizadas em condições normais, como é o caso dos condutores elétricos, os barramentos e outras partes normalmente inacessíveis de equipamentos e instalações.
No caso em questão, apenas pelo que se pode observar, houve contato direto com partes vivas da instalação que não deveriam estar acessíveis (por exemplo, fio desencapado ou emendas não isoladas adequadamente, tanto pela primeira, quanto pela segunda vítima).
Um dos efeitos do choque elétrico é provocar a contração muscular e quando isso ocorre nos dedos da mão, eles fecham e a vítima não consegue comandar a abertura da mão e fica presa ao condutor energizado.
Esse efeito acontece a partir de 10 mA de corrente alternada (60 Hz), com o decorrer do tempo outras funções do organismo acabam sendo comprometidas podendo acontecer a parada respiratória, a parada cardíaca e até a morte. Foi certamente o que ocorreu com a primeira vítima.
O mesmo efeito de contração muscular ocorre na perna, no braço e sobre qualquer outro músculo que seja atravessado por uma corrente elétrica, de forma involuntária e essa contração muscular violenta é que na verdade impulsiona o corpo, na mesma forma que um salto ou a puxada violenta de um braço etc., comandado pela passagem da corrente elétrica. Certamente foi essa uma das razões de a segunda vítima cair do ponto onde estava.
Felizmente, não houve óbito, mas toda a potencialidade para que ocorresse esteve presente.
Partes vivas expostas; pessoa não qualificada atuando em instalações e equipamentos elétricos; instalação não desenergizada; trabalhos em altura sem o uso de equipamento de proteção contra quedas estão entre os aspectos envolvidos na ocorrência.
Jamais interfira em instalações ou equipamentos elétricos se você não é qualificado para isso ou detém o conhecimento necessário. Desligue, comprove, garanta a situação de desenergização para a instalação que vai sofrer intervenção. E, mesmo assim, use ferramentas isoladas e equipamentos de proteção apropriados (calçados, cintos e talabartes para trabalho em altura, além de outros).
Não subestime o risco. Eletricidade mata!