Brasil concentra aportes com fatia de 83,5% do total destinado à América Latina
As startups do setor de energia na América Latina receberam mais de US$ 750 milhões em 76 rodadas entre 2021 até abril de 2024, de acordo com o EnergyTech Report 2024 realizado pelo Distrito, principal plataforma de tecnologias emergentes da região. Com uma participação de 80%, o Brasil concentra os investimentos do setor, com volume total de US$ 605,9 milhões em 61 deals.
A busca por formas mais limpas de energia, por conta das mudanças climáticas, estimula a criação de startups no setor. A maior parte das energytechs da América Latina, 55% das 347 mapeadas, está ligada à energia renovável. Essas empresas trabalham com soluções para a instalação e produção de placas solares ou o crédito para a compra de sistemas fotovoltaicos. A distribuição energética é a segunda mais importante, com 130 startups. Aqui entram soluções para economizar energia e acompanhar dados de consumo.
“O segmento de energytechs é um dos mais dinâmicos do ecossistema de inovação. Mudanças regulatórias, como a expansão do Mercado Livre de Energia, a crescente importância da agenda climática e a presença do capital de corporações estimulam a criação de soluções para democratizar o acesso a formas limpas de energia, a otimização da distribuição e a tecnologias para a eletrificação de frotas. Pelos números que vimos até agora, este ano pode ser um dos melhores para o segmento”, diz Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito.
De janeiro a abril, as energytechs latino-americanas receberam US$ 113 milhões em 7 deals. O volume financeiro é mais da metade do que foi investido no segmento no ano passado, quando os aportes chegaram a US$ 213 milhões em 17 rodadas. Já o ano com maior volume de investimento no setor foi 2022, com US$ 294 milhões de captação de recursos e 28 deals.
A brasileira Órigo, que possui fazendas solares em diversos estados do país, é a energytech que mais recebeu recursos na região. Das cinco maiores rodadas de investimento na América Latina, três foram da Órigo, num total de US$ 346,9 milhões. Sozinha, a startup recebeu quase metade dos recursos das energytechs.
Investimento por Categoria
Em relação aos investimentos por categoria, a distribuição energética lidera ao acumular US$ 417,3 milhões distribuídos em 57 rodadas no histórico mapeado. Segundo o CEO do Distrito, o dado revela uma busca intensa do mercado por inovações que otimizem a entrega de energia, a adesão ao mercado livre de energia ou que permitem a conexão de empresas e pessoas a fazendas solares, comprando o direito de uso dessa energia.
As 5 maiores rodadas de investimento do setor:
Captações e M&A
As fusões e aquisições do setor tiveram maior atividade em 2022, quando foram registrados 5 M&As. Do início do ano até abril de 2024, já foram contabilizadas 3 operações no total, enquanto no ano passado inteiro foram 2 M&As. Esse maior volume de transações no início deste ano sugere um possível aumento no ritmo de atividade para o restante do ano, segundo o Distrito.
Principais Tendências
A eletrificação e mobilidade elétrica, movimento que busca substituir tecnologias que dependem de combustíveis fósseis por alternativas elétricas, estão entre as principais tendências que devem impulsionar essas startups, especialmente pelo avanço da indústria chinesa de automóveis na América Latina e o crescente interesse em veículos elétricos.
Nas políticas públicas, programas como oRota 2030, que apoia o desenvolvimento tecnológico e a competitividade da indústria automotiva nacional, e a redução de impostos para veículos elétricos estão entre as iniciativas implementadas pelo Governo Federal com o objetivo de incentivar a mobilidade sustentável.
Para colaborar com essa prática, as empresas estão investindo no desenvolvimento e na tecnologia de baterias de longa duração, essenciais para armazenar fontes renováveis como solar e eólica.
Outra tendência são os microgrids, redes que permitem a geração local de energia e o aumento da capacidade de armazenamento em baterias, soluções para enfrentar os desafios da transição energética em todaa América Latina. A tecnologia permite que comunidades remotas e áreas isoladas se beneficiem de uma fonte de energia limpa e minimizem a dependência de redes de energia centralizadas e combustíveis fósseis.