Este é um resumo para ajudar a direcionar a especificação de um dispositivo de proteção contra surtos (DPS) em linhas de energia.
Devem ser considerados, no mínimo, três parâmetros:
1- A máxima tensão de operação contínua – UC;
2- A tensão de proteção – UP;
3- O tipo de corrente a que o DPS será submetido (IIMP ou IN)
A máxima tensão de operação contínua – UC
Um DPS não deve atuar com a tensão de operação da linha onde ele está instalado; portanto, deve ser considerada uma margem de segurança, em torno de 10%, para especificar sua máxima tensão de operação.
O valor de UC depende do esquema de aterramento e do modo de instalação do DPS. A tabela 49 da NBR 5410 mostra esses valores.
Visando aumentar o tempo de vida útil do DPS, em função da grande variação de tensão permitida no sistema de distribuição nacional, vale alertar para que seja utilizado um valor de UC mais elevado do que disposto na tabela, tipicamente, “um valor comercial” acima do calculado, por exemplo: valor calculado, 150V, valor utilizado, 175V.
A tensão de proteção – UP
Pode-se obter a tensão de proteção do DPS – UP do DPS fazendo-se a comparação simples com o nível de suportabilidade a surtos do componente – UW do equipamento a ser protegido. A tensão UP deve sempre ser inferior ao nível de suportabilidade UW. É importante destacar que, quanto menor a tensão de proteção de um DPS, melhor proteção ele oferece ao equipamento. Portanto, o valor de UP deve ser o menor possível, desde que não se comprometa tensão máxima de operação contínua do DPS. As tabelas 31 da NBR 5410 e A1, Anexo A, da NBR 5419, fornecem parâmetros de referência para essa comparação.
O tipo de corrente a que o DPS será submetido (IIMP ou IN)
Independentemente da sua construção, um DPS poderá ser submetido a várias curvas de corrente em um ensaio. As mais usuais e que determinam os tipos I e II são as curvas padronizadas em tempos de frente de onda e de meia cauda, respectivamente, com 10/350µs e 8/20µs.
DPS’s que suportam os valores das correntes IIMP de ensaio das curvas classe I, (10/350), são caracterizados como tipo I e devem ser utilizados em locais onde haja circulação de corrente impulsiva direta.
DPS’s que suportam os valores das correntes IN de ensaio das curvas classe II, (8/20), são caracterizados como tipo II e devem ser utilizados em locais onde haja circulação de corrente impulsiva induzida ou atenuada à montante.
A NBR 5410 especifica valores mínimos de corrente para serem utilizados no primeiro nível de uma proteção em 12,5kA para DPS’s do tipo I, e 5kA para DPS’s do tipo II. Já a NBR 5419 apresenta uma metodologia de cálculo no anexo E da parte 1 para a definição de valores dos DPS’s a serem utilizados em todas as possíveis fronteiras das zonas de proteção contra raios estabelecidas em projeto.