Objetivo do Artigo deste Tema
O tema ferrorressonância é um dos temas menos conhecidos pelos engenheiros eletricistas e também um dos mais complexos. Eis aí o motivo para escrever sobre o tema. Como temos apenas uma página é um grande desafio explicar o fenômeno em tão pouco espaço. Assim, seremos breves nas explanações.
O que é a ferrorressonância?
A ferrorressonância é um fenômeno não-linear complexo ocasionado por um circuito capacitivo ressonante com indutores não lineares presentes em elementos ferromagnéticos e que provoca sobretensões cuja forma de onda é irregular e possui elevado conteúdo harmônico. Essas sobretensões provocam danos à isolação, podendo ocasionar a queima e explosão desses equipamentos.
O que é necessário para que ocorra a ferrorressonância.
Segundo o Cahier Technique CT-190 (Schneider) três condições são necessárias (mas podem não ser suficientes) para a ocorrência da ferrorressonância, desdobrei em quatro:
- Presença de Indutores não Lineares (TP)
- Presença de capacitâncias (capacitâncias próprias ou intrínsecas aos equipamentos);
- Sistema com baixa carga (sistema com baixa carga ou operando por geradores).
- Existência de pelo menos um ponto em que o potencial de terra não fica fixado (neutro não aterrado, abertura de fusível, chaveamento monofásico, etc)
A maior parte das ferrorressonâncias ocorrem por ressonância série e as frequências variam entre 0.01 a 1 kHz.
Modos de Ferrorressonância
Os modos de ocorrência podem ser classificados em:
- Modo Fundamental
- Modo Sub-harmônico
- Modo Quasi-Periódico
- Modo Caótico
No Modo Fundamental, a corrente na ressonância normalmente não é alta, mas a tensão é muito alta (E=4.44 x n x f x f).
No modo sub-harmônico a tensão não é usualmente alta, mas a corrente é alta (i = (Re x E) / (4.44 x n2 x f )). É comum a explosão de TPs devidos ao sobreaquecimento.
Na ferrorressonância ocorrem variações tanto na magnitude como na frequência. Veja Figura 1.
Figura 1- Forma de onda típica de uma ferrorressonância.
Fatores indicativos da ocorrência da ferrorressonância
- Identificação de sobretensões elevadas (até 4.5 pu conforme JC.Das [03])
- Formas de onda de tensão e/ou corrente irregulares (presença de harmônicas, mesmo quando não ocorrem distúrbios no sistema) Vide Figura abaixo.
- Elevadas sobrecorrentes
- Explosão de TPs. Vide Figura ao lado
- Aquecimento em transformadores operando a vazio ou à baixa carga
- Ruídos contínuos e excessivos em transformadores e reatores
- Atuação de proteções de sobretensão e de para-raios, sem uma causa aparente
- Falha de para-raios quando a sobretensão de baixa frequência dura um tempo maior do que a TOV do PR.
- Danos em equipamentos elétricos
- (Falhas de isolação em TPs, TPCs, capacitores e
- transformadores)
Mitigação
Uma das maneiras mais simples e baratas para mitigar a ferrorressonância é indicada na Figura 2.
Figura 2 – Mitigação da ferrorressonância utilizando o resistor de amortecimento (Damping Resistor) no Delta-Aberto do secundário do TP.
As equações para a determinação do valor ôhmico da resistência e sua potência são apresentados a seguir.
No treinamento de transitórios eletromagnéticos é estudada a ferrorressonância utilizando o software ATP/ATPDraw. Para evoluir neste tema, entre em contato através do email [email protected] e você receberá as informações mais detalhadas sobre este treinamento.
Sobre o autor:
Cláudio Mardegan é CEO da EngePower Engenharia, Membro Sênior do IEEE, Membro do Cigrè | [email protected]