Chamado pelo mercado de “megaleilão”, o Leilão de Transmissão n° 2/2023 realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nesta sexta-feira (15), na sede da B3, em São Paulo, foi encerrado com os três lotes negociados. O certame possui a previsão de investimento mais alta já anunciada pela Agência: R$ 21,7 bilhões.
O deságio médio do certame foi de 40,85%, o que representa uma economia para o consumidor final da ordem de R$ 37,9 bilhões. Os três lotes contemplam 4.471 km de linhas de transmissão e subestações com capacidade de transformação de 9.840 MVA, localizados nos estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.
Com lance de R$ 1,9 bilhão e deságio de 39,90% em relação à oferta inicial, a empresa State Grid Brazil Holding – parte do grupo State Grid Corporation of China – arrematou o Lote 1 completo do Leilão, com investimentos estimados em R$ 18,1 bilhões (83% do total previsto para todos os lotes).
A LT Graça Aranha-Silvânia e as conversoras de Graça Aranha e Silvânia integram o conjunto do Lote 1 que, por sua vez, também inclui outros trechos de LTs de 500 kV e equipamentos de compensação síncrona.
Confira abaixo os lotes negociados com os respectivos vencedores:
RESULTADO DO LEILÃO Nº 2/2023 – QUADRO RESUMO | |||||||||
INVESTIMENTO (R$) | RAP DO EDITAL (R$) | RAP CONTRATADA (R$) | DESÁGIO (R$) | DESÁGIO % | RECEITA MÁXIMA DA CONCESSÃO | RECEITA VENCEDORA DA CONCESSÃO | ECONOMIA PARA CONSUMIDOR | VENCEDOR | |
18.130.929.836,63 | 3.222.178.160,86 | 1.936.529.074,68 | 1.285.649.086,18 | 39,90% | 77.332.275.860,64 | 46.476.697.792,32 | 30.855.578.068,32 | State Grid Brazil Holding S.A. | |
2.597.153.016,55 | 451.944.436,61 | 239.500.000,00 | 212.444.436,61 | 47,01% | 11.072.638.696,95 | 5.867.750.000,00 | 5.204.888.696,95 | Consórcio Olympus XVI | |
1.029.078.989,15 | 175.670.383,54 | 101.200.000,00 | 74.470.383,54 | 42,39% | 4.391.759.588,50 | 2.530.000.000,00 | 1.861.759.588,50 | Celeo Redes S.A. |
Eletrobras “de mãos vazias”
Apontada como uma das favoritas para o certame, a Eletrobras optou por não participar da disputa pelo maior lote. A empresa chegou a apresentar propostas para os lotes 2 e 3, mas foi superada por concorrentes, resultando na sua exclusão do processo de concessão – que possui um prazo estabelecido de 30 anos.
Na quinta-feira (14), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), havia cobrado a participação da Eletrobras neste que é o maior leilão de linhas de transmissão da história. “Ela precisa entender a dimensão desse projeto para o governo. Tem de participar porque tem musculatura”, disse ao Painel S.A, do jornal Folha de S. Paulo.
“Orgulho e satisfação”
O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, destacou que o sucesso do leilão permitiu competitividade e um grande deságio para o consumidor final. Ressaltou, ainda, a importância do certame para a reconfiguração do sistema. “O leilão de junho deste ano, esse de agora e o de março de 2024 irão agregar mais 17 mil km de linhas de transmissão, o que representa quase 10% de todo o sistema de transmissão brasileiro. Em menos de um ano, contratamos aproximadamente 10% do que levamos mais de 100 para construir e isso é motivo de muito orgulho e satisfação.”
Feitosa também enfatizou a relevância do certame para o nordeste brasileiro. “Se no passado nós contratamos corrente contínua para integrar grandes hidrelétricas como Itaipu, Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, hoje nós estamos contratando corrente contínua para coletar energia de centenas de usinas eólicas e solares localizadas no norte de Minas e no nordeste do país. Essas linhas permitirão que o nordeste continue sendo a nova fronteira de desenvolvimento de energia renovável no Brasil”, finalizou.
A previsão para assinatura dos contratos de concessão é 03/04/24. De acordo com a estimativa da ANEEL e do Ministério de Minas e Energia (MME), os empreendimentos gerarão 37 mil empregos diretos e indiretos.