Abertura da BBEST – IEA Bioenergy Conference ontem, em São Paulo, reuniu pesquisadores de dezenas de países; evento continua até quinta-feira (24)
O momento especial em que vive o Brasil e a sua posição internacional, como protagonista na defesa dos biocombustíveis em sua presidência do G20 este ano, deu a tônica da abertura da BBEST – IEA Bioenergy Conference. A liderança brasileira nas discussões multilaterais voltadas à transição energética foi elogiada por vários painelistas. O evento, que teve início ontem e se estende até amanhã (24), reúne especialistas de dezenas de países.
“A trajetória dos últimos dois anos com o lançamento da Aliança Global para os Biocombustíveis, o Brasil na presidência do G20 trazendo os biocombustíveis à agenda da transição energética, a Agenda Brasil + Sustentável e a recente sanção da lei do Combustível do Futuro, que trará um boom de investimentos no mercado de biocombustíveis no País, são exemplos da importância desse momento”, enumerou Marlon Arraes Jardim Leal, diretor do departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
Para André Correa do Lago, embaixador e secretário do Ministério das Relações Exteriores para o Clima, Energia e Meio Ambiente, o Brasil se encontra em uma boa posição internacionalmente. “É possível ao Brasil ter biocombustíveis sustentáveis, entre os quais SAF (Sustainable Aviation Fuel) e os voltados à navegação”. Contudo, frisa, o desenvolvimento do setor em todo o mundo é urgente. “As mudanças climáticas estão em curso e temos que usar as tecnologias de biocombustíveis já disponíveis e desenvolvidas”, disse. E acrescentou: “mas em favor dos países em desenvolvimento”. Para ele, é fundamental que os países do G20 tenham em mente que as economias de baixo carbono devem ter processos inclusivos, levando-se em conta as dimensões sociais nessas discussões”.
Lais de Souza Garcia, chefe da Divisão de Energia Renovável do Ministério das Relações Exteriores, concordou com o embaixador. “A bioenergia é um caminho possível e pode ser uma boa solução para países em desenvolvimento”, pontuou. Segundo ela, isso é possível porque biocombustíveis trazem muito mais do que apenas a redução dos gases de efeito estufa: permitem um desenvolvimento sustentável maior, com suas dimensões sociais e econômicas.
De acordo com a diplomata, um ponto importante defendido pelo Brasil internacionalmente é, ainda, a construção de um consenso na contabilidade de carbono, com critérios consistentes e comuns nos vários países. “Eles devem ser definidos com base na ciência. E vamos continuar participando dessa discussão em novembro do ano que vem, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém no ano que vem”, informou.
“Queremos nos perguntar aqui como a bioenergia conseguirá acelerar um futuro sustentável”, afirmou Glaucia Mendes Souza, co-chair do BBEST – IEA Bioenergy Conference na sessão de abertura. Para Dina Bacovsky, do Bioenergy and Sustainable Technologies (BEST), na Áustria, co-chair da Conferência e chair do Programa de Colaboração Tecnológica do IEA Bioenergy, se as mudanças climáticas lhe pareciam muito distantes por ocasião da Rio 92, “algo que meus filhos ou talvez meus netos fossem enfrentar”, a questão hoje é urgente e precisa ser enfrentada urgentemente.
Participaram do painel de abertura da BBEST – IEA Bioenergy Conference, ainda, Raffaella Rossetto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e do programa BIOEN da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Marisa Maia de Barros, subsecretária de Energia e Mineração na Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Governo do Estado de São Paulo; Heitor Cantarella, co-chair do evento e representante do Instituto Agronômico de Campinas (IAC); Edson Fernandes, secretário executivo de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Carlos Graeff, representando Marcio de Castro Silva Filho, diretor científico da Fapesp; Rafael Vasconcelos Ribeiro, da Sociedade de Bioenergia (SBE); Rogério Meneghetti, Superintendente de Energias Renováveis na Itaipu Binacional.