Edição 91 – Agosto de 2013
Por Michel Epelbaum
A gestão da sustentabilidade continua cada vez mais necessária. O relatório especial “Redesenhando o mapa energia-clima” da Agência Internacional de Energia (AIE), lançado em junho de 2013, revela:
– as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,4%, em 2012, para um novo recorde planetário (reduções significativas nos Estados Unidos, devida à substituição de carvão por “shale gas”; pequenas reduções na Europa e na Índia deveram-se à menor atividade econômica, sem influenciar a tendência; aumento de 3,8% na China e 6% no Japão);
– sua concentração na atmosfera ultrapassou 400 partes por milhão, maior valor medido;
– a atual tendência de aumento da temperatura em longo prazo deve estar entre 3,6 °C e 5,3 °C (a maior parte do aumento ocorrendo neste século);
– as emissões do setor da energia respondem por dois terços do total emitido no planeta.
Ele propõe quatro políticas para tentar enquadrar o aumento na temperatura global em 2 °C, considerando que estas ações são capazes de reduzir as emissões até 2020. As propostas são baseadas em tecnologias existentes e testadas e não afetariam a economia global:
– medidas de eficiência energética (49% da economia em emissões) – iluminação, equipamentos de aquecimento e resfriamento, motores, construções e transporte mais eficientes;
– limitar a construção e uso de termelétricas à base de carvão menos eficientes (21% da economia);
– reduzir emissões de metano da produção de óleo e gás (18%);
– acelerar a eliminação de subsídios para o consumo de combustíveis fósseis (12%).
A normalização recente avança para auxiliar a atingir este objetivo e, mais além, ajudar as organizações a serem mais sustentáveis.
Já falamos da ISO 50001 na coluna passada, que é uma boa contribuição para este propósito. Também comentamos anteriormente sobre a ISO 26000 e sua contribuição. Pesquisa realizada em setembro e outubro de 2011 pela ISO com 66 membros respondentes (Revista ISO Focus, volume 3, n. 1, jan/12, acessado no sítio da ISO na internet) indicou uma expressiva disseminação da ISO 26000 em seu primeiro ano de vida, tornando-se, provavelmente, a mais importante e aceita iniciativa mundial de responsabilidade social (53 países adotaram ou vão adotá-la como norma nacional; alguns deles desdobraram a ISO 26000 em documentos de implementação, como a norma inglesa BIP 2215:2011).
Citamos a seguir outras normas recentes que podem ajudar as organizações neste sentido.
Construção sustentável
Normas ISO sobre sustentabilidade na construção de edifícios
- ISO 15392:2008 – princípios gerais;
- ISO 21930:2007 – declaração ambiental de produtos de construção;
- ISO 21929-1:2011 – indicadores de sustentabilidade – Parte 1: estrutura para o desenvolvimento de indicadores e conjunto de indicadores para edifícios;
- ISO 21931-1:2010 – estrutura para métodos avaliação de desempenho ambiental dos trabalhos de construção – Parte 1: edifícios.
Normas britânicas sobre sustentabilidade na construção de edifícios
São mais de 10 normas, algumas representam a nacionalização das Normas ISO e/ou europeias, destacando-se:
- BS EN 15643:2010-2011 – avaliação de sustentabilidade de edifícios – partes 1 a 4;
- BS EN 16309:2011 – avaliação do desempenho social dos edifícios – método de cálculo;
- BS EN 16627:2013 – avaliação do desempenho econômico dos edifícios – método de cálculo;
- BS EN 15978:2011 – avaliação do desempenho ambiental dos edifícios – método de cálculo.
Sustentabilidade de eventos (feiras, congressos, exposições, etc.)
- ISO 20121, BS ISO 20121 e NBR ISO 20121 (2012) – sistemas de gestão da sustentabilidade de eventos – requisitos com guia para uso;
- BS 8901:2010 – sustentabilidade na gestãode eventos;
- BIP 2176:2010 – tornando eventos mais sustentáveis – um guia para a BS 8901;
- Série de normas da americana ASTM (2011) sobre sustentabilidade na avaliação e seleção de eventos (E2741 – destinos; E2742 – exposições; E2743 – transportes; E2745 – audiovisual e produção; E2746 – comunicação e marketing; E2747 – escritórios dentro do evento; E2773 – alimentos e bebidas);
Como apontado no relatório da AIE, várias soluções e normas já estão disponíveis e o seu adiamento só piora a situação climática e os custos de reversão. Temos de agir!