O setor elétrico e a pandemia

Prezado leitor, o tema que gostaria de discutir hoje é como a pandemia da Covid-19 tem influenciado o setor elétrico no tocante à disponibilidade de materiais e novas tecnologias.

A evolução por longo período da pandemia tem influenciado significativamente a disponibilidade e regularidade no suprimento da cadeia produtiva do setor elétrico, seja por insumos como cobre, alumínio e aço, bem como por materiais elétricos propriamente ditos, como disjuntores, seccionadores, fusíveis etc.

Como todos sabemos, estamos em uma aldeia global e os impactos dos bloqueios socioeconômicos, hoje os famosos lockdowns, tem impedido as empresas de respeitar programações de entregas e atrapalhado os planejamentos produtivos de seus clientes, o que desequilibra todos os mercados subsequentes, seja por preços, seja por prazos. Evidentemente, alternativas são sempre encontradas, mas é certo que o impacto da pandemia tem sido realmente muito significante no equilíbrio produtivo do setor.

Mas será mesmo somente efeito da pandemia?

Para se ter uma ideia, o cobre era comercializado em janeiro de 2020 a um preço médio de R$ 37,00/kg e hoje está sendo comercializado a preço médio de R$ 85,00/kg. ISSO MESMO, 130% de aumento!

Porém, seguindo-se a lógica do mercado, teríamos um aumento por conta do preço de mercado internacional associado ao dólar. Para esta referência, existe a LME (London Metal Exchange). A tabela LME serve como uma plataforma de consulta para todas as empresas que lidam com compra e venda de metais industriais, como cobre, zinco, alumínio, chumbo, estanho e níquel.

Acompanhando este conceito, o cenário de janeiro de 2020 (pré-pandemia) era LME médio de de US$ 6049,20/t e dólar médio de R$ 4,1386/US$. Para março de 2021, temos LME médio de US$ 9004,98/t e dólar médio de R$ 5,6389/US$. Multiplicando-se ambos em seus momentos e pela lógica do mercado, calcula-se um aumento internacional de 102,82%.

Sendo assim, pergunto: por que o aumento real de 130% se a LMExUS$ se sustenta em aproximadamente 103%?

Com o mesmo raciocínio, temos o alumínio. Este era comercializado em janeiro de 2020 a um preço médio de R$ 14,00/kg e hoje está sendo comercializado a preço médio de R$ 28,50/kg. ISSO MESMO, 103,6% de aumento! Porém, seguindo-se a lógica do mercado, teríamos um aumento por conta do preço de mercado internacional associado ao dólar, para janeiro de 2020 (pré-pandemia) com LME médio de US$ 1771,73/t e dólar médio de R$ 4,1386/US$ e março de 2021 com LME médio de US$ 2191,59/t e dólar médio de R$ 5,6389/US$. Pela lógica do mercado, estamos percebendo um aumento de 68,54%. Sendo assim, pergunto: Por que o aumento real de 103,6% se a LMExUS$ se sustenta em aproximadamente 68,5%?

A mesma “lógica sem lógica” se repete em isolantes, chapas de aço (carbono e silício), fios e cabos, entre tantos outros. Alguém consegue explicar a conta?

Esses aumentos desproporcionais não encontram explicação lógica, mercadológica talvez, mas têm comprometido a capacidade de investimento dos setores alimentados pela cadeia produtiva da indústria eletroeletrônica, quebrado empresas, inviabilizado contratos em curso, entre tantas consequências nefastas.

Será a lei da oferta e da procura capaz de regular esse desequilíbrio? Em que prazo? Qual o custo social? Quantos empregos estão sendo dizimados por conta disso? Como em todas as crises, muitos perdem, mas alguém sempre ganha…

Boa leitura!

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