No final de 2019, o Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), realizado em Belo Horizonte (MG), sediou a apresentação de mais um grande congresso brasileiro. Nossas dimensões continentais nos permitem resolver não só os sérios problemas técnicos relacionados à estabilidade, confiabilidade e manutenção destes sistemas elétricos, suas interligações e regras de contingência, mas também a manter os sistemas operando de forma sustentável, adequada e viável
financeiramente, e esta última variável parece ser o maior desafio. A figura 1 apresenta o comportamento da carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) no biênio 2018/2019, onde se pode observar
a variação da demanda média mensal. Em períodos extremos, a demanda média de julho de 2019 foi 15% menor que a de janeiro do mesmo ano. Para suprir esta demanda, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) faz a gestão das fontes e do sistema com a operação das usinas, conforme apresentado na figura 2 (hidráulicas, térmicas, eólicas e outras). Notar que o cruzamento da geração e consumo (figura 3) definirá os perfis de operação e qual usina despachará e qual ficará na espera. Será que o “MIX” adotado
entre hidráulicas, térmicas, eólicas e outras seria a solução mais favorável? Certamente, é a solução “possível” e otimizada em função dos diversos aspectos técnicos e econômicos que devem ser seguidos.
As fotovoltaicas centralizadas ainda não atingiram demanda média acima dos 500MW mensais em 2019 e não aparecem no gráfico da figura 2. Outras fontes também não estão representadas como as de geração distribuída (por exemplo, as de biomassa, fotovoltaicas e plantas de cogeração térmica). Este segmento de GD tende a crescer, sendo, portanto, necessárias constantes revisões de modelos adotados. Outra
expectativa considera a limpeza das fontes sem a produção de energia com combustíveis fosseis, dando o lugar merecido à eficiência energética. Será? Em uma época de incertezas da economia, meio ambiente imprevisível, futuro incerto com o coronavírus, a imprevisibilidade de operação e investimentos parece ser mais um bom desafio além daqueles reportados no SNPTEE.