Em maio, a ABEEólica lança seu usual Boletim Anual de Dados e, neste artigo, resumo um pouco do que o leitor poderá encontrar no material. Começo destacando que, em 2019, o Brasil subiu uma posição no Ranking Mundial de capacidade eólica acumulada onshore elaborado pelo GWEC (Global Wind Energy Council). Ocupamos, agora a sétima posição. Vamos, agora, aos principais números do ano passado.
Em primeiro lugar, é importante mencionar que, em 2019, foram instalados 38 novos parques eólicos, num total de 744,95 MW de nova capacidade. Os estados contemplados com os novos empreendimentos foram Bahia, Rio Grande do Norte e Maranhão. Importante esclarecer que essa nova capacidade ficou abaixo dos resultados dos anos anteriores. Isso se explica pela não realização de leilões entre o final de 2015 e 2017. O ano de 2019 terminou com 620 usinas no total e 15,44 GW de potência eólica instalada, o que representou um crescimento de 5,07% de potência em relação a dezembro de 2019, quando a capacidade instalada era de 14,70 GW. A nova capacidade eólica instalada em 2019 fez a fonte atingir uma participação de 9,1% da matriz elétrica brasileira.
Ao todo, foram gerados 55,9 TWh de energia eólica ao longo de 2019. Em comparação com 2018, a produção de energia dos ventos foi superior em 15%. A geração média de 2019 foi de 6.361,8 MW médios e o recorde foi em agosto, quando a geração atingiu a marca de 8.835,2 MW médios. Em termos de representatividade e abastecimento, a geração verificada pela fonte eólica foi responsável por 9,71% na média de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN). Já no período de melhores ventos, que ocorre no segundo semestre, a representatividade da eólica aumenta e teve seu ápice em agosto com 14,17% da geração do SIN. Os cinco estados com maior geração eólica no período de 2019 foram Bahia (16,83 TWh), Rio Grande do Norte (14,09 TWh), Piauí (6,34 TWh), Rio Grande do Sul (5,26 TWh) e Ceará (6,02 TWh).
A geração eólica também pode ser apresentada mostrando a equivalência do que é gerado em relação ao consumo residencial médio mensal brasileiro. De acordo com a resenha mensal publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo médio residencial no Brasil, no ano de 2019, foi de 162 kWh por mês. Portanto, a média de geração de energia eólica em 2019, apresentada acima, equivale ao consumo médio residencial de 28,7 milhões de residências, cerca de 86,2 milhões de habitantes, tendo registrado crescimento de 12,6% em relação ao ano anterior, quando a energia eólica abasteceu 76,7 milhões de pessoas. A energia gerada pela fonte eólica em 2019 foi capaz de fornecer energia elétrica residencial a uma população maior que a da região nordeste, que tem mais de 57 milhões de pessoas.
Além de ser uma fonte com reduzido impacto ao longo de sua implantação, a eólica não emite CO2 em sua operação, substituindo, portanto, outras fontes de geração de energia elétrica com emissão. O total de emissões evitadas em 2019 foi de 22,85 milhões de toneladas de CO2, o equivalente à emissão anual de cerca de 21,7 milhões de automóveis . Para base de comparação, vale informar que a cidade de São Paulo tem uma frota de mais de 6,3 milhões de automóveis e o Estado de São Paulo possui mais de 19,4 milhões de automóveis.
No que se refere à investimentos, o ano de 2018 encerrou com US$ 3,44 bilhões (R$ 13,6 bilhões) investidos em novos projetos no setor eólico, representando 53% dos investimentos realizados em renováveis (solar, eólica, biocombustíveis, biomassa e resíduos, PCHs e outros), no Brasil. Considerando o período de 2011 a 2018, esse número é de cerca de US$ 31,3 bilhões. Importante lembrar que os dados de investimento são calculados pela Bloomberg New Energy Finance – BNEF, que também produz análises dos dados.
E, por último, é fundamental falar de novas contratações. Em 2019, foram contratados 1,13 GW de capacidade instalada (47 parques), em dois leilões, um A-4 e um A-6. Vale mencionar, ainda, que também tivemos um bom ano no mercado livre. Embora os números dessas operações não tenham sido divulgados por fontes, estimamos que, de uma forma geral, as empresas de energia eólica venderam cerca de 2 GW de capacidade instalada para o mercado livre em 2019, o que demonstra que este mercado vem se expandindo consideravelmente para o setor eólico. Pelo segundo ano consecutivo, a fonte eólica vendeu mais no mercado livre do que no regulado.