Prezado leitor, o tema que gostaria de discutir hoje é recorrente. Muitas vezes já fui indagado com a questão tema deste pequeno artigo e a resposta é sempre: “depende”. Depende do tipo de alteração que estamos fazendo, pois o bom senso é que precisa preponderar. Porém, de fato, como os ensaios são sempre válidos SOMENTE para o corpo de prova submetido ao ensaio, é realmente “cara x crachá”, ou seja, ou é idêntico, ou não é.
Entretanto, algumas alterações, sob minha modesta opinião, podem sim ser realizadas, sem prejuízo de performance. Vamos fazer uma análise. Se alteramos a seção nominal de uma barra de cobre, majorando-a, temos que observar sob dois aspectos: a tensão e a corrente. Majorando a seção nominal da barra, mantendo-se o material condutor e mesmo perfil (por exemplo, uma barra chata com cantos arredondados), em tese temos um ganho no sentido de performance, o que é bom pelo lado da corrente, mas pelo lado da tensão, estamos mudando distâncias e a configuração do campo elétrico, o que pode não ser bom. Portanto, cabe a análise mais profunda das geometrias envolvidas para definir se a mudança é relevante ou não para a aceitação dos ensaios.
Alguns dias atrás recebi um e-mail de um velho amigo, me apresentando a seguinte pergunta: “Estou adquirindo um conjunto blindado de média tensão e um fornecedor me apresentou uma proposta com barramento de alumínio. O que muda em relação ao cobre?” Pensei bem na resposta e escrevi: “Tudo!”
Explico: quando estamos falando de condutores de materiais diferentes, os ensaios precisam ser analisados com cautela. Como já falamos no preâmbulo deste artigo, mudando a seção nominal, já temos um potencial prejuízo de performance no quesito tensão. Quando falamos de mudança do material condutor, neste caso, do cobre para o alumínio, para se manter a corrente nominal, é necessário reforçar a seção nominal. Além disso, as características de resistência mecânica não são as mesmas, ou seja, neste caso, o fornecedor que pretende utilizar o condutor de alumínio, precisa realizar todos os ensaios de tipo, quais sejam: elevação de temperatura, corrente suportável nominal de curta duração de fases e fase-terra, impulso atmosférico, tensão suportável em frequência industrial, grau de proteção, funcionamento mecânico e arco interno devido à falha interna.
Assim, recomendo que devemos sempre analisar a oferta com os ensaios apresentados para não comprar “gato por lebre”.
Boa leitura!
Autor:
Por Nunziante Graziano, engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/ USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, Conselheiro do CREASP, membro da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREASP e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos.