Quantidade e qualidade

No mundo da iluminação, uma das mais fáceis análises que nossos olhos nos respondem está na quantidade de luz. Isto porque quando estamos em um ambiente, mesmo que não consigamos ter a exata noção do que percebemos na luz, é a quantidade que primeiro nos faz notá-la.

É fácil uma análise como “está escuro” ou “está claro”, simples, básico. No entanto, quando uma norma nos diz a quantidade de luz recomendável para uma determinada tarefa, aí temos um problema.  Isso porque quando estas normas foram desenvolvidas, estávamos em um mundo antigo, em que as fontes de luz eram quase que “padrões”, as lâmpadas produziam aproximadamente os mesmos fluxos para mesmas potências, as potências eram “padronizadas” entre os fabricantes, enfim, era um mundo previsível.

Aí surgiram os Leds, estas fontes de luz digitais, com uma gama enorme de variações, tecnologias, versões, enfim, um mundo novo que virou de cabeça para baixo tudo o que conhecíamos. Ótimo, não? Porém temos que tomar algumas precauções sobre isso. Contarei, a seguir, alguns fatos interessantes.

Quantidade de Luz

Imaginemos que estamos desenvolvendo um projeto industrial, em que um grande galpão necessita ser iluminado para múltiplas tarefas.

Se nossa solução for desenvolvida com a premissa da quantidade, buscaremos qualquer sistema que tenha a melhor eficácia, fluxo luminoso produzido por unidade de potência consumida (Lm/W). Perfeito, não? Aí começa nosso argumento… não, não é perfeito.

Não considero perfeito, pois podemos ter dois sistemas Leds diferentes, com a mesma potência, um deles produzindo muito mais fluxo luminoso que o outro, porém, com qualidades de aparência de cor e reprodução de cores absolutamente diferentes.

Vejamos estes gráficos:

Figura 1 – Aparência de luz versus fluxo luminoso. Fonte: Osram Opto Semiconductors.

Percebemos que quanto mais azuladas for a aparência da luz produzida pelo Led, maior fluxo luminoso visível ele produz. Então, se adotarmos a premissa da quantidade de luz, utilizaremos no nosso projeto uma luminária que produzirá uma luz branca azulada, e isso não condiz com o que os olhos humanos podem entender como confortável, pois há uma relação entre a quantidade de luz em um ambiente e a cor da luz utilizada. Perceba que em uma sala de estar, normalmente, damos preferência a uma luz aconchegante, amarelada, ligado ao nosso ciclo interno chamado “Circadiano”.

Figura 2 – O ciclo Circadiano regula a produção hormonal baseando-se na luz natural.

Figura 3 – Perceba que, ao meio-dia, a luz natural do sol parece bastante azulada e, no início ou fim do dia, temos uma aparência mais amarelada, aconchegante.

Este ciclo natural define nossas expectativas, definindo nossos “humores”, sensações de sono e estar ativos. Temos, nesta questão fundamental, razão para nos preocupar: a produtividade.

Figura 4 – Variação da aparência da cor da luz durante o dia.

Outra questão importante é a capacidade de reprodução de cores:

Figura 5 – Reprodução de cores. Fonte: Cláudio Zimarino/LinkedIn.

Observamos como a mesma cor pode ser percebida diferentemente com fontes de luz com diferentes índices de reprodução de cores.

Figura 6 – Relação da reprodução de cor com o fluxo luminoso. Foto: Osram Opto Semiconductors.

Para esta questão, quanto pior for a capacidade de reproduzir as cores, maior será o fluxo luminoso visível produzido pelo Led.

Então, para atendermos ao quesito de quantidade de luz, que é normalmente utilizado pelos fabricantes para mostrar que seu produto é “melhor” do que outros, podemos incorrer em grandes enganos, finalizando com resultados desastrosos e insatisfatórios, não no que consideramos como quantidade e eficiência, mas como qualidade para as pessoas e seu bem-estar.

 Além destas questões apresentadas neste artigo, temos muitas outras relativas à qualidade dos produtos Led que devemos considerar, como:

Distribuição de luz

O fluxo luminoso produzido não significa muito, porém, a luz projetada pelo equipamento produz o que chamamos de distribuição luminosa, ou como a luminária projeta a luz produzida pelo Led no plano de trabalho.

Figura 7 – Curvas de distribuição da luz. Fonte: www.rgalternatives.com.

 Ofuscamento

Decorrente da distribuição luminosa, as luminárias criam o efeito do ofuscamento quando o fluxo luminoso não é bem controlado

Figura 8 – Luminárias podem criar efeito de ofuscamento. Fonte: www.ccohs.ca.

 Conclusão

Especificar um equipamento não é uma tarefa simples, pois estamos envolvendo investimentos, obras, instalações, pessoas, clientes, investidores, tempo, enfim, não há espaço para erros.

Estabelecer um estudo criterioso é questão primordial, saber o que está sendo especificado e os motivos são fundamentais para atender às expectativas e aos orçamentos.

Buscar pelo menor investimento muitas vezes pode trazer sérias consequências, assim, estabelecer bons critérios técnicos de acordo com as necessidades reais faz parte do bom processo de compra da solução.

Vamos, nos próximos meses, falar sobre soluções específicas para residências, áreas comerciais, industriais e iluminação externa, levando questões práticas para você. Até lá!

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