Segurança na especificação técnica, utilização e operação de IBC em áreas classificadas

Este artigo trata de procedimentos de segurança, especificação técnica, utilização e operação de contêineres do tipo IBC (Intermediate Bunk Container) em áreas classificadas contendo gases inflamáveis, de forma a evitar a indevida geração ou acúmulo de cargas eletrostáticas que sejam capazes de representar uma indevida fonte de ignição de uma atmosfera explosiva que possa estar presente no local da instalação.

Os contêineres do tipo FIBC e IBC são muito utilizados em áreas classificadas para transporte de líquidos ou poeiras, geralmente com a utilização de empilhadeiras. Em contêineres do tipo IBC existe a preocupação da indevida geração ou acúmulo de cargas eletrostáticas, as quais podem representar riscos de ignição de uma atmosfera explosiva que possa estar presente no local da utilização do IBC. 

Periodicamente, é registrada, em instalações industriais contendo áreas classificadas, a ocorrência de centelhas causadas pela indevida geração ou acúmulo de cargas eletrostáticas, devido ao transporte inadequado, enchimento ou esvaziamento dos produtos inflamáveis para o interior de IBC.

São apresentadas a seguir, para melhor entendimento, algumas características e diferenças entre FIBC e IBC utilizados em áreas classificadas.

FIBC – Flexible Intermediate Bulk Containers (contêineres a granel intermediários flexíveis)

  • Recipientes de armazenamento flexíveis, dobráveis e não rígidos;
  • Projetados para semissólidos como areia, poeiras combustíveis e cimento;
  • Capacidade de 1.000 kg ou mais (dependendo do tamanho do FIBC);
  • Produzidos a partir de materiais plásticos ou tecidos, como o polipropileno;
  • Podem ser movidos e armazenados facilmente à mão, quando não estiverem cheios;
  • Podem ser movidos e empilhados, quando cheios, utilizando equipamentos industriais, como empilhadeiras;
  • Aprovados pelas Nações Unidas para armazenar materiais perigosos, tóxicos ou inflamáveis;
  • Reutilizáveis e recicláveis;
  • Ocupam pouco espaço de armazenamento quando não estão em utilização;
  • Não projetados para reterem líquidos.

São apresentados a seguir alguns exemplos de FIBC utilizados em áreas classificadas:

IBCIntermediate Bulk Containers (Contêineres intermediários para granel)

  • Recipientes de armazenamento rígidos, sólidos e não desmontáveis;
  • Projetados para líquidos e semissólidos;
  • Capacidade de 1.000 litros e pesam 1.000 kg ou mais, quando cheios;
  • Produzidos a partir de plásticos rígidos, geralmente HDPE (polietileno de alta densidade);
  • Difícil de serem movidos à mão, sendo necessário o uso de equipamentos industriais;
  • Aprovados pelas Nações Unidas para armazenarem materiais perigosos, tóxicos ou inflamáveis;
  • Reutilizáveis e recicláveis;
  • Ocupam espaço de armazenamento quando não estão em utilização;
  • Geralmente projetados com uma gaiola de aço, acopláveis para proteção adicional, bem como opções para uma variedade de acessórios, incluindo bicos e tampas IBC.

São apresentados a seguir alguns exemplos de IBC que são utilizados em áreas classificadas:

A maior parte dos IBC – Intermediate Bulk Containers é produzido a partir de algum tipo de material plástico, embora alguns IBC sejam também fabricados de materiais metálicos.

Todos os FIBC – Flexible Intermediate Bulk Containers são produzidos a partir de algum tipo de material plástico. Em função dos FIBC serem projetados para serem flexíveis (o que neste caso significa que eles sejam projetados para serem dobráveis), eles sempre são fabricados a partir de alguma forma não rígida de plástico. Os materiais de produção específicos para cada aplicação podem variar de um fabricante para outro, mas geralmente os FIBC são feitos de tecidos plásticos. O material mais comum para a fabricação de FIBC é o tecido polipropileno (ou tecido PP).

Os riscos provocados por cargas eletrostáticas geradas pela vazão de líquidos podem levar a descargas propagantes a partir da superfície de líquidos de baixa condutividade ou por centelhas em contêineres de metal isolados ou componentes, como bombas em tambores. É recomendado que as pessoas nas vizinhanças estejam aterradas para evitar o perigo de se tornarem carregadas eletrostaticamente e provocarem fontes de ignição capazes de ocasionar a explosão de uma atmosfera explosiva que esteja presente no local da utilização do IBC.

Pode ser recomendado que as seguintes precauções sejam adotadas sempre que uma atmosfera inflamável estiver presente no interior ou no exterior do contêiner do tipo IBC, por exemplo, quando estes contêineres são abastecidos com líquidos inflamáveis, ou são abastecidos em áreas classificadas ou são abastecidos na presença de vapores inflamáveis remanescentes de abastecimentos anteriores:

  • Durante as atividades de carregamento ou descarregamento dos produtos armazenados em contêiner do tipo IBC, é recomendado que todas as partes condutivas ou dissipativas do sistema, como os funis e os bocais, estejam conectadas entre si (equipotencializadas) e aterradas;
  • É recomendado que funis metálicos estejam confiavelmente aterrados de forma a evitar o risco, por exemplo, que estejam acidentalmente “isolados” do contêiner IBC por uma junta isolante;
  • É recomendado que não sejam utilizados funis plásticos, a menos que o seu material seja dissipativo e que eles estejam aterrados;
  • Para líquidos sensíveis à ignição, com MIE menor que 0,20 mJ (deve ser consultada uma lista de MIE apresentada na Seção C.6 da Norma / Especificação Técnica ABNT IEC TS 60079-32-1), é recomendado que a velocidade de vazão não exceda 1 m/s.

São listados a seguir, para referência, alguns valores de MIE (Energia Mínima de Ignição) para alguns gases ou líquidos inflamáveis ou poeiras combustíveis. Os IBC são avaliados de forma que possam ser considerados seguros contra os efeitos de acúmulo de cargas eletrostáticas para produtos inflamáveis que possuam uma MIE acima de 20 mJ (Produtos do Grupo IIB).

Aterramento de IBC conectado a um sistema de terra e tubulações de processo, com sistema de monitoração, alarme e intertravamento em caso de falha no aterramento durante operações de enchimento ou esvaziamento.

Contêineres e IBC fabricados de material isolante, envolvidos por um invólucro ou revestimento condutivo: esta forma de construção é geralmente utilizada para contêineres do tipo IBC (Intermediate Bulk Container), com capacidade de cerca de 1 m3. Exemplos são os contêineres plásticos, como os do tipo IBC envolvido por uma tela, malha, trança ou revestimento condutivos. Invólucros condutivos não são normalmente fornecidos para contêineres plásticos menores do que esta capacidade.

Exemplos de instalação de IBC em áreas classificadas contendo gases inflamáveis.

Autor:

Por Roberval Bulgarelli, engenheiro eletricista. Mestrado em Proteção de Sistemas Elétricos de Potência pela POLI/USP. Consultor sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivas. Representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx. Coordenador do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB 003/COBEI). Condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906 Award. Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em atmosferas explosivas”.

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Uma resposta

  1. Bom dia Engenheiro,

    Gostaria de um auxilio. Faço algumas analises de riscos de equipamentos, e em uma empresa, existe IBC metalicos, que são depositados em uma esteira metalica atraves de talha e retirado atraves de empilhadeira. O material colocado no inteiro deste IBC, é solvente altamente inflamavel, e a area e considerada classificada.

    A pergunta é:

    1- Existe a possibilidade de batida do IBC, em partes metalicas gerar faisca?
    2- Qual a condição para resguardar contra a possivel geração de fasica?

    Agradeço desde ja.

    Jeferson CAbrelon
    (11) 9 8223-4066

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