Um dos assuntos mais debatidos e que ganha cada vez mais evidência no setor de distribuição de energia foi tema de uma mesa redonda realizada na tarde desta quarta-feira (08), durante o XXIV Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) 2023. A chamada liberalização do mercado, prevista nas portarias do Ministério de Minas e Energia (MME) e no PL 414/21, muda as regras de funcionamento do setor elétrico e amplia o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros.
Para debater o tema, compuseram a mesa redonda o presidente da EDP, João Marques da Cruz; Marco Delgado, conselheiro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE); Luis Henrique Ferreira Pinto, VP de Distribuição da CPFL; e Angela Gomes, diretora técnica da PSR Energy, que atuou como moderadora do debate. Todos defenderam a liberalização do mercado, desde que seja feita de forma responsável e bem planejada.
“Temos algumas tratativas que colocam a distribuição e a liberalização em pontos opostos. E essa visão é errada. A EDP defende a liberalização do mercado e acreditamos que a medida vai ajudar, inclusive, a clarear as responsabilidades dos distribuidores, que, na realidade atual, acabam sendo responsáveis por processos que não deveriam ser da sua alçada”, pontuou o presidente da EDP, João Marques da Cruz, que complementou sua fala afirmando que a empresa tem a pretensão de atuar em um mercado livre e justo para todos.
Representando a CCEE, Marco Delgado acredita que a liberalização do mercado é um elemento promissor para inovação, contestação, antagonismo e, principalmente, evolução. “Precisamos de ordem para obter progresso. Ter ordem significa ter um regramento razoável e estruturado para garantir a abertura do mercado, permitindo que o progresso venha de forma organizada e traga benefícios para toda a sociedade”, pontuou.
Já Luis Henrique Ferreira Pinto, VP de Distribuição da CPFL, reforçou que a liberalização é uma tendência e que o mercado precisa ter muito cuidado para que a medida seja sustentável. “Nenhum setor em desequilíbrio prospera. Vejo que muita coisa já foi criada e estabelecida sobre esse assunto. O consumidor quer ter a opção da escolha, quer enxergar vantagem. E, para isso, é preciso que sejam estabelecidas algumas condicionantes. Esse é um grande desafio para a regulação, a política setorial e, principalmente, para o setor de distribuição, que terá que se organizar”.
Ricardo Amorim
Abrindo a programação do Sendi nesta quarta-feira (08), a concorrida palestra do economista Ricardo Amorim abordou o tema “Responsabilidade socioambiental no segmento de energia elétrica”. Ele afirmou que está convencido que os dois fatores são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil e que podem caminhar juntos com equilíbrio.
“Gerar energia mais barata e mais sustentável em nosso país vai ser cada vez mais um diferencial determinante para o sucesso da economia brasileira como um todo. A questão de sustentabilidade ambiental, e nesse aspecto o Brasil tem algumas vantagens e oportunidades específicas únicas e muitos grandes, será determinante para o que vamos fazer daqui para frente”, pontuou.
Ele afirmou que o crescimento do país pode ser feito em sintonia com a preservação do meio ambiente. “Vamos fazer algo que seja bacana, que ganhe dinheiro e que ao mesmo tempo melhore o Brasil, o mundo. Não são coisas contraditórias, elas se somam. Cada vez mais eu estou absolutamente convencido que os consumidores vão cobrar isso”.
Além da palestra do economista, o período da manhã contou com o evento Inovação na Prática – Future Wheel, powered by Beta-i. O workshop foi uma atividade de visualização do futuro que ajuda a identificar tendências e antecipar possíveis cenários na Distribuição e tendo em conta o impacto do novo PDI da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os objetivos foram explorar diferentes direções futuras, identificar oportunidades emergentes e desenvolver estratégias para se adaptar às mudanças previstas.
Na parte da tarde, além da mesa redonda sobre liberalização do mercado de energia, os destaques do Sendi 2023 foram o painel de debate sobre GD, carros elétricos, baterias e flexibilidade, com participação de representantes da Accenture e da EDP; e as plenárias simultâneas que abordaram assuntos como desenvolvimento de tecnologia para elétrica de potência e distribuição, mecanismos de inovação e liderança, infraestrutura, desoneração tarifária, investimento em startups e transformação da distribuição de energia elétrica com inteligência artificial.
Encerrando a programação do dia, a tradicional competição do VIII Rodeio Nacional de Eletricistas – Inovações e Melhores Práticas empolgou o público presente, com a participação de 15 equipes e um total de 120 competidores. Diferente de um rodeio tradicional, no qual os peões enfrentam touros e cavalos, neste, eletricistas e técnicos qualificados se deparam com postes, equipamentos e estruturas que representam uma rede de distribuição de energia elétrica. O desafio é executar as atividades no menor tempo possível, prezando acima de tudo pela segurança e qualidade da entrega ao cliente. Os grandes vencedores serão conhecidos e premiados na noite desta quinta-feira (09), no jantar show com o cantor Frejat.
O Sendi
Realizado desde 1962, o Sendi é o maior evento de distribuição de energia da América Latina e reúne as principais inovações do setor, com destaque para soluções sustentáveis e de alta qualidade. As tendências de digitalização, descarbonização e descentralização são relevantes para o setor, pois dizem respeito à transição energética.
SERVIÇO
XXIV Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) 2023
Data: de terça (07) a sexta-feira (10)
Local: Pavilhão de Carapina, no Espírito Santo
Informações e inscrições: www.sendi.org.br
Realização: EDP e Instituto Abradee